Publicado em 3 de Março de 2017 às 10:49
Sétima turma do Programa de Formação de Jovens participa de intercâmbio no Território Indígena XakriabáSétima turma do Programa de Formação de Jovens participa de intercâmbio no Território Indígena Xakriabá
A quinta-feira (16) amanheceu com muita diversidade nas terras Xakriabá. O povo indígena que tem o seu território localizado no município de São João das Missões e em Itacarambi, recebeu jovens de diferentes populações tradicionais do Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha e Sudoeste da Bahia que fazem parte da sétima turma do Programa de Formação de Jovens realizado pelo Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA/NM em parceria com o Centro de Ação Social – CEAS. Durante três dias, os jovens conheceram a experiência da luta territorial Xakriabá, que conta com a participação fundamental da juventude, além de discutirem o empoderamento e o papel das mulheres em suas comunidades.
Em um momento político nacional em que os direitos sociais já garantidos possuem um futuro incerto, a juventude refletiu o próprio território apresentando mapas feitos por eles mesmos, além de apresentarem à turma os conflitos e problemas existentes. “Sabemos que estamos vivenciando um momento de muita dificuldade, que é de retrocesso dos nossos direitos, mas não podemos deixar nos abater, principalmente essa juventude que tem muita vida pela frente”, afirma Joeliza Aparecida de Brito Almeida, membro da diretoria do CAA/NM, destacando o papel dos jovens em enfrentar os desafios colocados diariamente nos territórios.
A discussão territorial se faz importante para que os jovens permaneçam no campo. É o que explica o colaborador do CAA/NM, Carlos Dayrell: “A experiência mostra que as comunidades que têm o território conquistado, protegido, proporcionam à juventude uma vida mais forte, mais dinâmica. O contexto atual das comunidades rurais e tradicionais em que o território não está garantido existe uma dispersão muito grande da juventude, que tem saído por uma pressão maior de ganhar outros meios de vida, perdendo a referência local”, conta. Dayrell ainda conta que colocar a juventude de outros territórios com os indígenas, mostra um exemplo real de que a juventude pode fazer a diferença na luta pela terra.
Valdir Dias é um jovem geraizeiro e confirma que o intercâmbio fortalece a juventude e proporciona que os jovens acreditem em seu papel: “Quando a gente vem aqui no Xakriabá parece que a gente pega uma energia a mais, quando a gente houve os testemunhos, as histórias das lutas que eles já conquistaram, a união, a gente sai daqui bem mais abastecido”, conta.
“O Xakriabá é um lugar de muita luta e de exemplo, principalmente para nós jovens, mostrando uma juventude daqui que busca as coisas mais necessárias para se viver, não saindo do contexto, da ancestralidade, dos valores e dos princípios”, conta a jovem baiana Edilane Silva de Almeida.
A formação da juventude e a preparação para estar à frente dos processos territoriais é algo fundamental para o povo indígena Xakriabá. Cacique Domingos explica que é preciso que a juventude se prepare e se capacite: “Para gente que já é uma liderança é muito importante porque eles tão sendo capacitado para assumir a nossa luta futura, isto é uma das coisas que a gente deseja aos nossos jovens de hoje: formar eles para resistência, para buscar pelos nossos direitos, porque as lideranças que a gente tem hoje não serão as de amanhã”, diz o líder indígena.
Na noite do primeiro dia, as jovens que participam da formação se reuniram em uma roda de conversa, na qual refletiram sobre como os meios de comunicação e a sociedade reproduz uma imagem machista que inferioriza a mulher. Foi passado um documentário e as meninas relembraram mulheres que são exemplos na vida de cada uma.
Durante o encontro no território Xakriabá, os jovens também tiveram contato com a tradição indígena em uma noite cultural. No último dia a juventude aproveitou uma manhã na cachoeira em um momento de descontração. O Programa de Formação de Jovens é financiado pela organização suíça HEKS e conta com o apoio do Levante Popular da Juventude e o Centro Marista de Juventude.
Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia
Editado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia