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Fortalecimento da cultura e mídia ativismo no Norte de Minas

Publicado em 20 de Setembro de 2017 às 22:19

Fortalecimento da cultura e mídia ativismo no Norte de Minas

O mês de setembro começou animado para a Rede de Comunicadores e Comunicadoras Populares do Alto Rio Pardo. Entre os dias 01 e 03 de setembro, as jovens e os jovens do território participaram do Festiva MG, evento organizado pelo Fora do Eixo e Mídia NINJA, no CRJ, em Belo Horizonte. O objetivo da atividade é conectar o estado mineiro, fortalecer e criar redes de cultura, comunicação, sustentabilidade, ativismo, alimentação saudável, em conexões que buscam mudanças necessárias no século XXI. Mais de 30 cidades estiveram representadas no espaço.

“Os comunicadores e as comunicadoras do Alto Rio Pardo cumpriram muito bem o papel em mostrar a realidade da região, representando a juventude do campo e reforçando o importante papel de formação que as Escolas Família Agrícola e os projetos que os atendem têm cumprido em suas respectivas comunidades”, avalia Indi Gouveia, comunicadora do CAA/NM e colaboradora da Mídia NINJA que acompanhou o grupo durante o evento.

A juventude apresentou aos participantes uma realidade que não é comum aos centros urbanos e mostrou que a organização da Rede de Comunicadores tem feito a diferença, apontando construções de outras narrativas e fortalecendo a divulgação de ações locais, além de possibilitar denúncias de empreendimentos que prejudicam o meio ambiente e a qualidade de vida dos moradores do Alto Rio Pardo.

Diversidade de lutas

O primeiro dia (01 de setembro) foi marcado pela mesa de abertura, que contou com a participação de Leandrinha Du Art, ativista trans e cadeirante, Célia Xakriabá, coordenadora da Educação Escolar Indígena de Minas Gerais, Pablo Capilé, fundador e articulador da rede Fora do Eixo e da Mídia NINJA, Beatriz Cerqueira, coordenadora-geral do Sind-UTE MG e presidenta da CUT Minas Gerais, Ricardo Targino, ativista dos movimentos de cultura e comunicação, Poliana Souza, militante da moradia urbana no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Ana Júlia, estudante secundarista, Ayana Odara, representante da ONU Jovem e militante feminista e do movimento negro, e Gilson Reis, vereador de Belo Horizonte.

O momento discutiu sobre diversidade, importância da luta popular no atual contexto político, direitos e a resistências dos povos. Beatriz Cerqueira mostra que “a luta é sempre a longo prazo”. Para Célia Xakriabá “é preciso colorir a luz no fim do túnel”. Por sua vez, Ayana Odara diz que é preciso “ir para frente sem nunca esquecer o passado”. Ana Julia, ativista tão jovem, mostra força e garra em suas palavras ao dizer que “não vê esperança em políticos, mas quando olha ao seu redor, se sente inspirada e cheia de esperança”. Leandrinha Du Art fala que “o segredo é a resistência” e que “quando se acostuma com pouco, se para de lutar”. Ricardo Targino já diz que “o Brasil é um projeto bem sucedido de exploração e desigualdade”. Ao último discurso, Pablo Capilé mostra “como a coragem e os laços possibilitaram a mudança do cenário cultural nas cidades, e que é preciso continuar sem medo de enfrentar os desafios”.

“A rica e encorajadora mesa de abertura mostrou aos coletivos que esses nunca estão sozinhos e que não devem caminhar individualmente”, conta Edianilha Ribas, jovem comunicadora da comunidade de Olhos D’Água, município de Taiobeiras. “Ao término de tão belos discursos, nota-se a sede de mudança no rosto de cada presente no local. Eles mostraram que, em sua caminhada, nem sempre foram flores, mas nunca desistiram e sempre seguiram lutando”, acrescenta.

Dessa forma, o evento possibilitou outras vivências aos jovens comunicadores e comunicadoras do Alto Rio Pardo. O contato com abordagens temáticas tais quais diversidade de gênero, política, educação e negritude provocou o grupo a refletir para além de suas lutas.

“Tivemos a oportunidade de mostrar quais são as nossas lutas atuais, falar sobre nossa região, e ao mesmo tempo de trocar saberes com militantes indígenas, feministas, negros e negras, das ocupações urbanas, da diversidade sexual e de gênero”, conta o jovem Mauro Davi, do município de Berizal. “Pretendo compartilhar toda a experiência com meus familiares, amigos, lideranças comunitárias e colegas de escola, para fazer esses movimentos ganharem mais espaço, para que as pessoas sejam informadas sobre as diversas lutas, quebrando, acima de tudo, os preconceitos”, completa.

Articulação entre coletivos

No segundo dia (02 de setembro) foi realizada uma roda de conversa a fim de provocar a troca de experiências e para entender o funcionamento do Fora do Eixo e Mídia NINJA, bem como do espaço proposto pelo Festiva MG. Na ocasião, cada um se apresentou e falou um pouco sobre seu projeto. Os diversos coletivos de promoção cultural também presentes mostraram como aliam festivais à luta pelo Direito à Comunicação.

“A partir da conversa entre jovens de diferentes municípios do interior de Minas Gerais tivemos a oportunidade de conhecer culturas e movimentos sociais diversos, bem como os desafios de cada região”, conta Nina Ribas, como também é conhecida. “Foi possível notar a forte mobilização que os jovens possuem e como se engajam politicamente, além de reforçar a visão de como a mídia livre é extremamente útil aos movimentos sociais e à cultura”, acrescenta.

No período da tarde, foi realizada uma conversa com Cláudio Prado, colunista do NINJA, produtor cultural e teórico da contracultura e da cultura digital. “Delírios Utópicos” propôs tema livre com perguntas e respostas, em que Prado deixou como reflexão final que “a solução do século XXI não nasce na centralidade política e sim na centralidade periférica”. O dia foi encerrado com a participação de todos e todas no Festival Vibra, que reuniu música, esporte e arte no Parque Municipal de BH.

Encaminhamentos

O último dia foi dedicado ao momento de “Conversas Infinitas”, em que as(os) jovens registraram suas percepções sobre o evento e socializaram agendas. “Nesses três dias criamos vínculos intensos, nos sentimos como uma só família, dividindo anseios, aflições, desejos, conquistas, quedas, mas deixando metas a serem seguidas”, revela Nina.

Segundo a comunicadora popular, coletivos com mais tempo de caminhada inspiram coletivos jovens a ganharem força e se informarem e mobilizarem a população acerca de assuntos como a democratização da comunicação para divulgação das culturas locais e das ações dos movimentos sociais. “A Rede de Comunicadores Populares do Alto Rio Pardo se encontrou nessa família para seguir o caminho junto à mídia livre para conquistar seu espaço cultural, político e social”, conclui Nina.

Os integrantes da Mídia Ninja propuseram uma visita ao Norte de Minas para um momento com as(os) jovens. A ideia é que sejam visitados outros territórios, a fim de fortalecer a comunicação popular na região norte mineira. Também foi levantado o interesse das jovens comunicadoras e comunicadores em participar de outras agendas, como o Festival da Utopia, que vai acontecer em Maricá/RJ e o Encontro Nacional Fora do Eixo, que será realizado no início do próximo ano.

*A produção de textos e fotos de cobertura do evento foi realizada pela juventude da Rede de Comunicadores e Comunicadoras Populares do Alto Rio Pardo. A rede surgiu no âmbito do projeto Bem Diverso, com apoio do CAA/NM. A rede é fruto de uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) para conservar a biodiversidade brasileira e gerar renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares.

 

 

 

 

 

 

 


Postado por: Paula Lanza Barbosa
Editado por: Paula Lanza Barbosa