Nesta sexta-feira (02), foi realizado o primeiro módulo da oficina de pós-colheita, processamento e beneficiamento do café em Sistemas Agroflorestais em Vereda Funda, Norte de Minas Gerais. Focalizado por Brígida e Fabio Salgado, representantes da Cooperativa de Produtores Orgânicos e Biodinâmicos da Chapada Diamantina (COOPERBIO), o encontro tratou do conceito de café especial, além da importância da colheita seletiva e cuidados de secagem. Estiveram presentes agricultores e agricultoras do território Alto Rio Pardo,e representantes do CAA/NM e Emater Minas Gerais.

Os agricultores participantes trocaram saberes sobre a produção de café em suas regiões e comunidades, atentos ao significado de "café especial" como aquele que valoriza a identidade local geraizeira e produção agroecológica da agricultura familiar. "Essas características determinam a qualidade", apontou Brígida Salgado, agricultora presidente da COOPERBIO. "E para comercializar, é preciso ter qualidade. Porque existem pessoas dispostas a adquirir um café especial como o de vocês".

Com este intuito de valorizar a produção local de café no território geraizeiro, os participantes se dedicaram ainda a uma atividade prática de colheita, lavagem e secagem, trocando experiências e aprendizados sobre o assunto. "Esse encontro foi muito bom", avaliou o agricultor Américo Faustino, da comunidade de Jardim.  "Eu achava que sabia muito de café, mas teve muita coisa que aprendi aqui". Para Sueli dos Santos, agricultora de Vereda Funda, encontros como este contribuem para o reconhecimento de quem trabalha no campo: "A gente fica no canto da gente, achando que não tem muito valor o que a gente tá fazendo. Mas a gente vê nesses encontros a oportunidade de valorizar o agricultor familiar, e isso é muito bom".

Diretora presidente da Aliança Internacional de Mulheres do Café - IWCA Brasil, movimento mundial de empoderamento de mulheres do setor cafeeiro, Brígida Salgado dedicou atenção especial ao reconhecimento das mulheres durante oficina. Segundo ela, a mulher tem um papel fundamental em todo o processo de produção do café. "As mulheres são as grandes protagonistas, as pessoas mais envolvidas no café desde o plantio até a colheita. E ficam muitas vezes invisíveis porque na hora de comercializar, geralmente, quem aparece é o homem". Brígida promete trabalhar esta temática de gênero nos próximos encontros previstos dentro da oficina, que também irá dialogar sobre aspectos da torrefação, qualidade e comercialização do café.

Fotos: Emerson Santos, comunicador popular geraizeiro

A oficina de colheita de café é realizada pelo CAA/NM através do Projeto Bem Diverso -- fruto da parceria entre a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com recursos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF).