Publicado em 26 de Abril de 2017 às 17:26
O Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas, composto por sindicatos de trabalhadores rurais, instituições eclesiais, organizações não-governamentais e movimentos sociais, se reuniu nesta terça-feira (25) na sede da Fetaemg – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais – em Montes Claros, com o intuito de debater posicionamentos e atividades para o ano de 2017. Representantes das entidades de defesa de direitos dos trabalhadores do campo conversaram sobre as reformas propostas pelo atual governo, rearticularam forças e propuseram ações de enfrentamento.
“Estamos em um momento de luta de classes”, apontou Leninha Souza da Coordenação Política do CAA/NM. “Unir é uma necessidade para a sobrevivência e resistência da classe trabalhadora no Brasil. Nós não temos dúvida do nosso lado, então temos que articular forças e conversar cada vez mais”.
O encontro teve início com uma mística em que os participantes expressaram suas principais motivações para a reunião. Entre as palavras faladas, signos de resistência, união, resgate, força. Compartilhada a programação para o dia, os diálogos começaram com uma análise de conjuntura e um resgate do papel e missão do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas. Criado em 1997, o Fórum se pauta pela promoção do desenvolvimento sustentável regional através do fortalecimento das populações tradicionais e sua convivência com os ecossistemas.
No contexto do semiárido, foram socializadas experiências da juventude e educação do campo através do programa de formação de jovens apoiado pelo Fórum, além dos programas da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) desenvolvidos nas comunidades. Atualmente, o CAA/NM executa dois programas da ASA: o Programa 1 Milhão de Cisternas e o Programa 1 Terra e 2 Águas – iniciativas de formação e mobilização para convivência com o semiárido. Através do desenvolvimento de tecnologias para autoconsumo e produção, os programas buscam a promoção da transformação social, organização comunitária, segurança alimentar e nutricional das famílias atendidas, defendendo o direito do acesso à água. “A ASA, em sua longa caminhada, conseguiu mostrar para o governo que sua atuação mudava a vida das pessoas no semiárido”, ressaltou José Marcos Oliveira Flores, representando o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Porteirinha. “A ASA mostrou que o povo tem capacidade de agir, de pensar, de criar suas condições de vida. E que ao contrário de uma política de combate à seca, há uma política de convivência com o semiárido. Agora depende de nós, manter e defender essa luta”.
A reunião também debateu temáticas de terra e território, socializando a situação de conflitos agrários atuais e as ações da Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. Braulino Caetano dos Santos, liderança geraizeira, lembrou que a luta “tem feito diferença, porque na Rosalino um grupo fala por todos”. Esta estratégia de representatividade coletiva, segundo a qual as pautas de luta são por todos(as) compartilhadas e defendidas, também é adotada pelo Fórum de Desenvolvimento Sustentável, como ressaltado por Valmir Lopes de Queiroz, representante da Cáritas Diocesana de Januária: “A importância da gente fortalecer cada vez mais esse Fórum é para não perder esta representatividade. Todas as temáticas e assuntos discutidos aqui são representados pelo Fórum. Estamos nas nossas regiões e comunidades, mas também defendendo a luta de forma geral”.
Como encaminhamentos, o Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas confirmou seu apoio e presença nas Romarias das Águas que vão acontecer em Chapada Gaúcha (27 de maio), Serra das Araras (8 de junho) e Unaí (24 de julho) e no Encontro da Agrobiodiversidade previsto para acontecer em Grão Mogol no mês de outubro. O Fórum debateu, ainda, a realização de um seminário regional sobre refugiados do clima envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais, além de seu apoio às pessoas do Acampamento Alvimar Ribeiro do município de Capitão Enéas, vítimas de uma emboscada no dia 9 de abril.
Postado por: Cibelih Hespanhol Torres