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Sabores, religiosidades e culturas

Publicado em 1 de Setembro de 2017 às 10:07

Sabores, religiosidades e culturas

Uma programação intensa marcou o período das Festas de Agosto no Solar dos Sertões. De 16 a 20, a diversidade da agri-cultura do Norte de Minas se encontrou no maior festejo de Montes Claros.

A programação cultural do Solar dos Sertões foi marcada pela diversidade. Lançamentos de livros, apresentações culturais de artistas locais e povos e comunidades tradicionais, produtos de comunidades camponesas e extrativistas do Cerrado e da Caatinga, além de eventos e oficinas marcaram esse período. Nos festejos tradicionais dos catopés, marujos e caboclinhos, o CAA-NM foi mordomo da Festa de São Benedito, sendo responsável por conduzir o cortejo na manhã da sexta-feira, dia 18.

Educação do campo, agroecologia, povos do Jequitinhonha e identidade Geraizeira foram os temas das obras lançadas durante as Festas de Agosto. Os livros de Lori Figueiró “Reflexos ao calor do Vale”, “Cotidianos no Sagrado do Vale” e “O espelho das lembranças, memórias do Vale”, apresentam, a partir das fotografias, histórias de resistência e peleja de homens e mulheres do Vale do Jequitinhonha. Já o livro paradidático “Opará e Jequi: os vales e seus saberes” é resultado de uma construção coletiva coordenada pela Articulação por uma Educação do Campo no Semiárido Mineiro, com o objetivo de ser um material de apoio às escolas do campo da região semiárida.

O livro “Olhares Agroecológicos: análise econômico-ecológica de agroecossistemas em sete territórios Brasileiros”, de autoria da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), apresenta a sistematização das evidências dos benefícios da Agroecologia. Por sua vez, Mônica Nogueira lançou a obra “Gerais a dentro a fora: identidade e territorialidade entre Geraizeiros do Norte de Minas Gerais”, considerado pela autora como um esforço de interpretação sobre as especificidades históricas e culturais dos geraizeiros, sem perder de vista a rede de relações que esses camponeses mobilizam na defesa de seus direitos territoriais. “Para o CAA-NM, acolher o lançamento desses livros é parte da nossa missão, é contribuir para a visibilidade das histórias de vida e de luta desses povos”, afirma Eliseu José de Oliveira.

A Arena dos Povos, projetada na Praça da Matriz, trouxe os batuques, torés, cantigas de roda, catiras e folias de reis dos Geraizeiros, Quilombolas, Indígenas, Vazanteiros e Catingueiros, além de grupos parafolclóricos de Montes Claros como o Saruê (Unimontes), Fitas (Marista São José), Aboio e Viola e Orquestra Catrumana de Groove Solto. “A parceria com o CAA-NM, neste ano, foi fundamental para fortalecer o sentido central da festa, de religiosidade e cultura popular”, destaca João Rodrigues, Secretário Municipal de Cultura.

Feira Agroecológica + Feira da Agrobiodiversidade

No sábado (19), durante as Festas de Agosto, foi realizada a edição mensal da Feira Agroecológica da Cooperativa Grande Sertão. A novidade é que, desta vez, cooperativas da região metropolitana de Belo Horizonte, Leste de Minas e Conceição do Mato Dentro participantes do “Encontro Ampliado da Rede de Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro e Feira de Sementes”, realizado entre 17 e 19 de agosto, em Montes Claros, integraram a atividade.

No Empório do Sertão, tradicional venda da roça, os produtos da agricultura familiar e do agroextrativismo apresentaram a riqueza dos sabores e fazeres do sertão. Da gastronomia norte-minera aos produtos como feijão, farinha, doce de buriti, cerveja e chopp de coquinho azedo, a Cooperativa Grande Sertão vai consolidando o Solar como espaço de promoção da diversidade norte-mineira. “A Cooperativa Grande Sertão entende e enxerga o Solar dos Sertões como um espaço de multiplicidade. Com isso queremos dizer que as Festas de Agosto cumprem um importantíssimo papel de visibilidade e de encontros entre o público da festa e os produtos da agricultura familiar e agroextrativistas do Norte de Minas”, avalia José Janser Freire, coordenador técnico da Cooperativa Grande Sertão. E completa: “pensar que o produto da agricultura familiar traz consigo o modo de vida de quem o produz, estamos afirmando que pelo Solar passaram os Indígenas, os Quilombolas, os Geraizeiros, os Caatingueiros, os Ribeirinhos, os Vazanteiros dentre outros povos tradicionais. E não apenas passaram, como deixaram suas cores, seus sabores, suas danças, suas crenças”.

O evento contou ainda com uma belíssima apresentação dos Quilombos de Praia e da Lapinha, da região de Matias Cardoso, e uma oficina de culinária vegetariana com Ana Macedo. Para finalizar a feira, aconteceu uma oficina de ritmos africanos conduzida por Matias Hansen.

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Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia
Editado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia