Publicado em 11 de Abril de 2017 às 11:05
Diante do grande desafio de afirmar suas lutas e identidades frente ao avanço do grande capital sob seus territórios e suas vidas, povos campesinos do mundo inteiro tem fortalecido aliança entorno da construção da Declaração dos Campesinos. Entre os dias 06 e 12 de março, foi realizada mais uma etapa de elaboração e reflexão deste documento, que explicitará as denúncias e afirmações da diversidade campesina mundial. O ultimo encontro ocorreu na Alemanha e reuniu representantes de cerca de 50 países da África, América Central, América do Sul e Europa.
A elaboração da Declaração dos Campesinos é um processo coordenado pela ONU, que será apresentado aos governos de todo o mundo, a fim de selar pacto na garantia dos direitos destes povos. A pantanera Claúdia de Pinho membro do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais aponta que a intenção de discutir esse conceito é apresentar quem são os sujeitos de direito da declaração no Brasil e no mundo. Cláudia conta ainda que durante o evento foi discutida a atual situação política e, apesar da incerteza quanto ao apoio do governo à Declaração dos Campesinos, o documento continua sendo de grande importância para os povos: “Nós enquanto movimentos sociais queremos que o documento sirva como instrumento de luta no nosso país”, sustenta Cláudia de Pinho.
Braulino Caetano dos Santos, representante dos geraizeiros no Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, conta que participar do evento é uma forma de reunir os povos entorno da discussão de terra e território: “Não tem lugar nenhum que não tem a luta pela terra e a briga com as empresas e com os latifúndios. A terra é concentrada no mundo”. Braulino explica que o momento também foi importante para exemplificar que o conceito de populações tradicionais engloba outros povos para além dos indígenas.
A expectativa é que no mês de maio o Grupo de Trabalho instalado para elaboração da Declaração se reúna e avance para a finalização do documento, que será apresentado aos países para que sejam signatários. Para os representantes do Brasil a expectativa é de que o governo assine o documento e assuma os compromissos colocados. “Para nós é mais um instrumento de luta pela biodiversidade, o território e todos os nossos direitos”, conclui Claudia de Pinho.
Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia