Publicado em 22 de Maio de 2017 às 17:43
Na última sexta-feira (19), o Ato nacional em defesa da reforma agrária e contra a violência do latifúndio e do agronegócio reuniu cerca de 500 pessoas na praça central de Capitão Enéas, norte de Minas Gerais. Entre os participantes, estiveram presentes sem terras do acampamento Alvimar Ribeiro e de diversas regionais do MST de Minas Gerais, além de representantes da Central Única dos Trabalhadores, Movimento Atingido por Barragens, CAA/NM, Asa Minas, Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas, Fetaemg, sindicatos de trabalhadores rurais da região, Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Social, governo do estado e Ministério Público.
O ato, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e pela Comissão Pastoral da Terra, acontece após a realização de atos regionais que denunciaram casos de violência no campo em diversas regiões de Minas Gerais e do Brasil. Em Capitão Enéas, em abril deste ano, uma tentativa de massacre conduzida três meses após a ocupação da Fazenda Nova Esperança resultou no ferimento de sete acampados – entre eles, duas crianças. Rogerio Correa, deputado estadual de Minas Gerais, reforçou a importância da apuração do caso: “Temos que pressionar o Incra a fazer a desapropriação, para colocar a terra na mãos dos trabalhadores. Eu sei que não é uma luta fácil mas a gente não pode desistir dela, principalmente agora quando vemos um golpista exercendo ações contrárias a um governo do povo”.
No relatório Conflitos no Campo Brasil 2016, lançado em março deste ano, a CPT Nacional mostra que Brasil teve um aumento de 232% de expulsões de famílias do campo entre 2015 e 2016. Neste mesmo período, o país passou de 50 para 61 assassinatos no campo, um acréscimo de 22%. Considerando a tendência de acirramento dos conflitos agrários em meio a crises políticas, Laurentino de Brito, do sindicato de trabalhadores rurais de Capitão Enéas, reforça a relevância de ações como o ato no atual contexto nacional: “Eu costumo dizer que movimento é precisão. E agora é uma hora precisa de estar movimentando, reivindicando e denunciando essas emboscadas. Aqui está bastante trabalhador na mesma luta, no mesmo objetivo”. Trabalhadores Rurais, agricultores familiares, indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais: as identidades campesinas são muitas, e se fortalecem ao reivindicar em conjunto o acesso a seus territórios. Dona Lourdes da Chapada, geraizeira do Vale das Cancelas, lembra que os territórios são hoje “tomados pelo eucalipto, e as empresas do eucalipto se juntam contra qualquer pessoa que é da região. Por isso estamos aqui. Os companheiros do Alvimar Ribeiro estão resistindo junto com todos nós”.
Acampamento Alvimar Ribeiro
A Fazenda Nova América, de 3 mil hectares, está ocupada desde 16 de janeiro de 2017. Pertencente ao grupo Soebras, a fazenda é considerada improdutiva pelo MST. No dia 9 de abril, 300 militantes, das 650 famílias que então ocupavam o acampamento, foram surpreendidos numa emboscada. Entre feridos, três adultos foram baleados.
Postado por: Cibelih Hespanhol Torres
Editado por: Cibelih Hespanhol Torres