Publicado em 6 de Maio de 2015 às 16:35
Por Fabiano C. César
O Mutirão dos Povos foi um momento em que passado e o presente se encontraram e apontaram ações para o futuro. Indígenas da etnia Xakriabá de São João das Missões e Xakriabá de Côcos e Krenak, Vazanteiros, Quilombolas, Geraizeiros, Catingueiros, Veredeiros, Apanhadores de Flores Sempre Viva, assentados e acampados do MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra se juntaram, com o objetivo de construir uma grande aliança em defesa de seus direitos, sobretudo do território. O mutirão ocorreu entre os dias 17 e 19 de abril de 2015 na Terra Indígena Xakriabá, município de São João das Missões.
O Cacique Xakriabá Domingos Nunes lembrou a chacina ocorrida no território Xakriabá, onde seu pai foi assassinado no ano de 1989. Já os quilombolas de Nativos de Arapuin, de Verdelândia denunciaram que em Janeiro de 2014 após fazerem a retomada de um território quilombola, um fazendeiro, juntamente com 11 jagunços fortemente armados invadiram o acampamento e promoveram uma tentativa de chacina, que resultou em vários quilombolas baleados e espancados por lutar pelo direito ao território. Esses acontecimentos, no passado e no presente mostraram para os participantes que existe um movimento histórico de opressão, exclusão e constantes práticas de injustiças relacionadas aos povos do campo, e a principal delas envolve a perda do território.
Braulino Caetano dos Santos, diretor Geral do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA/NM e representante Geraizeiro na Comissão Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais ( CNPCT) destacou que “A Articulação Rosalino nasceu para fazer aliança da base em nível federal. Queremos unificar esse povo e as lutas para defendermos pontos específicos: regularização fundiária e território”. A proposta e que seja criada uma grande aliança, não somente com os povos do Norte e Alto Vale do Jequitinhonha, mas sim em nível nacional. Nesse sentido, Manoel Cunha da CNPCT, representante do Amazonas e da reserva extrativista Marua, lembrou que “apesar das dificuldades, das distâncias, nossos problemas são os mesmos. Precisamos criar uma capilaridade em rede para fortalecer uma proposta,” afirmou. A Vazanteira Isabel Mota expôs um sentimento que acompanhou todos os povos e comunidades durante o Mutirão, o de que lutar por território significa: liberdade. “Unir os companheiros de luta para termos liberdade, ter nossas terras para trabalhar, com isso vamos ficar muito felizes”, finalizou.
Ao final do Encontro, foi construída uma Carta Política com as reinvindicações dos povos e comunidades tradicionais que vai ser encaminhada a instituições competentes e aos Governos Federal e Estadual. As discussões que ocorreram permitiram a construção de um entendimento entre os povos e comunidades de que a principal luta e a principal bandeira de todos os povos é a defesa dos territórios tradicionais
O evento contou também com a participação de representantes do Governo, Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Secretaria do Patrimônio da União, Comissão dos Direitos Humanos, além da FUNAI e pesquisadores de Universidades do país.
Postado por: Fabiano Cordeiro César
Editado por: Fabiano Cordeiro César