O Conselho Diretor do Centro de Agricultura Alternativa esteve reunido durante os dias 20 e 21 de setembro na Área de Experimentação e Formação em Agroecologia (AEFA) em Montes Claros, Minas Gerais. 

Durante os dias de reunião, os participantes dialogaram sobre o planejamento estratégico de ações e deliberaram sobre assuntos relacionados à atribuição do Conselho, constituído por agricultores e agricultoras da região Norte de Minas Gerais associados ao CAA/NM. A organização interna da instituição, partindo do protagonismo atuante dos agricultores e agricultoras, é o que diferencia o CAA/NM de outras entidades. “Quem dá o rumo não é o técnico. O técnico ajuda e assessora. Mas quem dita os rumos são os agricultores”, ressaltou Luciano Ribeiro, coordenador do Eixo Agroecologia e Povos Tradicionais. O desenho de atuação através dos Núcleos Territoriais São Francisco, Serra Geral, Planalto São Franciscano, Alto Rio Pardo e Geral da Serra também é uma forma de pensar soluções a partir da organização local, fortalecendo agentes e redes que já atuam nos territórios. Desta forma, o acompanhamento das realidades regionais do Norte de Minas é dinamizado.  "Buscamos organizar estrategicamente o trabalho, sempre promovendo o protagonismo dos agricultores”, apontou Álvaro Carrara, da Coordenação Técnica. “O sucesso do nosso trabalho é capacitar pessoas em um lugar, e estas pessoas que vão dinamizar o trabalho a partir daí".

“Lá em Riacho a gente já vê os frutos dos trabalhos”, disse Edina Silva, agricultora associada da comunidade Tapera, de Riacho dos Machados. “Os jovens e as mulheres estão trabalhando, se organizando. É assim que vamos conseguir esta sobrevivência no campo. Estamos no caminho". Envolver sempre a juventude em todas as atividades nos Núcleos Territoriais, como mobilizações e intercâmbios, tem sido uma estratégia de fortalecer a formação de lideranças.

Durante a reunião, agricultoras e agricultores do Conselho Diretor do CAA/NM relataram as realidades que estão vivenciando a partir de seus territórios, onde se prolongam conflitos relacionados à mineração, monocultura de eucalipto e barragens, que ameaçam os modos de vida tradicionais. "Para todos nós, o ambiente aqui foi bem dividido, todo mundo teve sua vez de falar. Foi muito democrático, socializamos nossos problemas e planejamos o que era preciso. Eu estou levando um tanto de experiências e informações necessárias", afirmou Hilário Xakriabá, liderança do Povo Indígena Xakriabá. Para Joeliza Aparecida Almeida, Diretora Secretária do CAA/NM, a reunião foi um momento de fortalecer a união por um projeto de sociedade para o Norte de Minas. "Agradeço a todos que compareceram. Ficou claro como o CAA está funcionando neste momento, mesmo diante da crise, e como estamos nos projetando. Os olhares dos agricultores ajudaram bastante”.