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IV Edição do Encontro das Comunidades Veredeiras do Norte de Minas

Publicado em 16 de Dezembro de 2024 às 16:54

IV Edição do Encontro das Comunidades Veredeiras do Norte de Minas

Nos dias 06 e 07 de dezembro de 2024, na Comunidade Barra do Tamboril, município de Januária/MG, com a presença e participação de representantes de cerca de 20 comunidades Veredeiras e Veredeiras/quilombolas, da Articulação Rosalino, do Ministério Público de MG (CIMOS), Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, SETEQ – Secretaria de Territórios e Sistemas produtivos Quilombolas e Tradicionais do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), da Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) e de diversos parceiros(as) das comunidades Veredeiras, aconteceu a IV Edição do Encontro das Comunidades Veredeiras do Norte de Minas.

O Encontro é realizado pela ACEVER – Associação Central das Comunidades Veredeiras e conta com o apoio e assessoria do CAA/NM. O encontro das Comunidades Veredeiras busca aproximar as Comunidades Veredeiras ao Poder Público e fortalecer na busca e garantia dos seus direitos. Junta parceiros(as) que somam a luta das Comunidades Veredeiras e vem sendo um importante espaço de diálogos, e de instrumentalização que vem fortalecendo as Comunidades Veredeiras do Norte de Minas. O primeiro encontro aconteceu em 2017 na Comunidade Poções, o segundo em 2019 no Distrito de São Joaquim, ambas no município de Januária/MG e o terceiro em 2022 na Comunidade Japão em Bonito de Minas, lembrou Mírian Nogueira, da equipe técnica do CAA/NM que vem acompanhando as ações junto as comunidades Veredeiras e tem apoiado a organização dos encontros.

 

 

Momentos de debates, mesas, místicas durante o evento. (Fotos: Breno Trindade)

Representantes Veredeiros no Conselho Nacional de PCTs destacaram a relevância do encontro que proporciona o diálogo entre as comunidades, órgãos públicos e organizações parceiras, e do momento de falarem sobre seus direitos, formas de acessarem e verem garantidos os diretos dos Veredeiros(as) enquanto PCTs e sujeitos de diretos que, assim como as veredas precisam permanecer vivos, respeitados, com garantia de seus territórios preservados. Seu Santino, Água Doce – Bonito de Minas destacou que há uma “Necessidade de regularização e mediação de conflitos entre latifundiário e àquelas comunidades que historicamente habitam e usam suas terras de forma tradicional”. “Antes as famílias locais tinham acesso às riquezas do território, frutos do Cerrado. No entanto, vem grupos de pessoas de fora, mentem para as pessoas e acaba criando divisões dentro das comunidades prejudicando a organização interna. Criam documentos e processos judiciais, como processos de reintegração de posse, exploração de recursos hídricos em áreas já sensíveis do Cerrado. Edilene, Japão – Bonito de Minas Jaime, liderança veredeira e antena da Articulação Rosalino destacou os desafios na luta em ver “as veredas vivas” e os diretos dos povos veredeiros garantidos, onde muitas das lideranças estão ameaçadas, muitas veredas já secaram, a seca já é uma realidade, e o desmatamento segue impactando. Contar com o Estado mais próximo é a parcerias as organizações e demais movimentos PCTs da região tem fortalecido e possibilitado resistir. Representantes dos órgãos públicos se colocaram à disposição para seguir dialogando, acolher as demandas e darem os devidos encaminhamentos de forma conjunta. Durante o encontro foi feita a Entrega do Selo Quilombos do Brasil pelo MDA, o Selo Quilombos do Brasil tem a finalidade de identificar produtos de origem étnica e territorial produzidos por comunidades quilombolas. A iniciativa faz parte do Programa Aquilomba Brasil. É entregue a duas lideranças Quilombolas-Veredeiras Edilene da comunidade Japão no município de Bonito de Minas e André da Comunidade Barro Vermelho do município de Chapada Gaúcha. Um reconhecimento dos produtos produzidos nessas comunidades. As lideranças ressaltam que o Certificado será um incentivo para os produtores das comunidades e influenciará em mostrar que vivemos da colheita dos frutos do território, vamos trabalhar fortalecidos provando que nosso modo de viver é um legado, tem muita qualidade no que se produz e fruto de saberes valiosos e de muita resistência.

 

Apresentações culturais durante o evento. (Fotos: Breno Trindade) 

Abrilhantaram e abençoaram o encontro as apresentações artísticas-culturais e religiosas, Dança de São Gonçalo e Folia de Reis, manifestações da cultura do Povo Veredeiro. O Encontro encerrou com a Caminhada pelo território Veredeiro Berço das Águas, numa área degradada onde um dia jorrou água em abundância e foi hábitat de uma variedade de espécies e hoje se encontra seca e cheia de marcas que o impacto de uma grande empresa monocultora deixou. Como destacou Jaime, “As Comunidades seguem na luta pela defesa do Território e suas águas, bem maior do Povo Tradicional Veredeiro” e saem do encontro com o espirito de luta revigorado, nessa unicidade necessária para fortalecer a caminhada.

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Postado por: Valdir Dias da Silva
Editado por: Valdir Dias da Silva