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Seminário da Articulação Rosalino Gomes traz reflexão sobre o atual contexto e planeja ações para 2019

Publicado em 28 de Fevereiro de 2019 às 18:57

Seminário da Articulação Rosalino Gomes traz reflexão sobre o atual contexto e planeja ações para 2019

Por: Nívea Martins, George Daniel e Indi Gouveia 

Lideranças da Articulação Rosalino Gomes de Povos e Comunidades Tradicionais se reuniram nos dias 20 e 21 de fevereiro com o objetivo de atualização do contexto sobre Direitos de Povos e Comunidades, construção do planejamento de ações para 2019, discutindo a sustentabilidade econômica, política e social em um Seminário com pesquisadores, coordenadores e diretores do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM). O Seminário aconteceu na Área de Experimentação e Formação Agroecológica, localizada a 30 km de Montes Claros.

Antenas, como são chamados os representantes dos sete povos que fazem parte da Articulação, refletiram a história e memória do grupo através da construção de uma linha do tempo. A Articulação é um marco na luta dos povos do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha, representando a unificação e resistência na luta por direitos.

“A importância da Articulação Rosalino foi a unificação de luta dos povos, que sempre lutavam muito de maneira individual e a gente se sentia muito fragilizado para fazer uma discussão nos âmbitos governamentais, porque cada um ia com a sua proposta local. A Rosalino nos fortalece, em vez de ser uma luta de cada um, é uma luta de todos juntos em um só projeto que pensa um só projeto. ”, conta Braulino Caetano dos Santos, Geraizeiro e um dos diretores do CAA-NM.

Além de unir forças a Articulação Rosalino se consolida como espaço de trocas e aprendizados. A realidade e desafios que as comunidades tradicionais vivenciam são muito similares, nesse sentido o enfrentamento, a partir da experiência de cada povo é possível traçar uma estratégia coletiva. “A Articulação Rosalino é fundamental para esses sete povos, porque não é uma luta isolada, não é um povo que luta só, são vários povos que luta em uma única direção. Com esses povos a gente aprende modos de enfrentamento diferentes e muitos aprendizados. ”, diz Eliad Gisele, jovem quilombola e apanhadora de flor da comunidade de Raiz, no munícipio de Presidente Kubitschek. Ela ainda conta que a região em que vive é marcada pela monocultura de Eucalipto e pela instalação de um parque que não permite que o seu povo continue com a prática ancestral de coleta de flores.

O atual contexto político também foi tema de debate no evento, para os povos o momento pede estratégia e planejamento para a preservação dos direitos já garantidos. Hilário Corrêa Dbazakzêkõ, liderança indígena do Povo Xakriabá, acredita que é preciso uma reorganização da luta, já que mesmo nos primeiros meses de governo há um forte desmonte das organizações que apoiam a luta dos povos, além do retrocesso nos direitos que são garantidos na Constituição. “A unificação da luta é uma das nossas estratégias, não apenas de povos indignas de Minas Gerais e do Brasil, mas também de todos os Povos e Comunidades Tradicionais, que tem os mesmos inimigos e tem os mesmos direitos de conseguir seus espaços e território para sobrevivência. Eles sofrem as mesmas consequências que nós enquanto povo sofremos e por isso estamos juntando as forças e somamos na Articulação Rosalino Gomes de Povos e Comunidades Tradicionais. ”, conta o indígena.

A luta pelo território é a principal pauta da Articulação, já que é a partir do território que é possível garantir a vida e a soberania dos Povos e Comunidades Tradicionais, como explica Aderval Costa Filho, professor de antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais e colaborador do CAA-NM:  “Quando se garante o território, garante-se o direito de reprodução de modos de vida específicos, de forma de ser, fazer, criar, ou seja, toda uma base de vida sustentável que esses povos vem tentando manter ao longo do processo histórico. A reposição desses territórios para a garantia da vitalidade, não apenas ambiental, mas também social, é imprescindível para a manutenção desses modos de vida. ”, explica. Durante o encontro Aderval contribui com a análise de conjuntura atual sobre os direitos dos Povos e comunidade tradicionais, trazendo uma leitura sobre riscos, estratégias, leis e decretos no atual contexto.

Quem participou do encontro reforça a importância de fortalecer a Articulação e promover constantemente espaços de formação, reflexão e troca de saberes. “Nós temos uma boa parceria, trabalhando sempre de mãos dadas. Sempre que acontece alguma coisa estamos todos unidos para fazer qualquer tipo de ação com amor e alegria. ”, diz Jaime Santos, representante do povo Veredeiro.

A Articulação Rosalino Gomes de Povos e Comunidades Tradicionais surgiu em 2010 e hoje se consolida como espaço de organização e de construção de alianças envolvendo a diversidade tradicional da região do Norte de Minas e Alto Vale do Jequitinhonha. Participam desta articulação os indígenas Xakriabá e Tuxás, comunidades Quilombolas, Geraizeiras, Vazanteiras, Veredeiras, Catingueiras e Apanhadores de Flores.

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Postado por: George Daniel Rodrigues Fonseca
Editado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia