Publicado em 1 de Setembro de 2016 às 20:25
No último dia do IV Colóquio Internacional de Povos e Comunidades Tradicionais, um espaço de diálogo reuniu representantes de povos do semiárido mineiro na reflexão sobre estratégias de mobilização e enfrentamento. A oficina "Troca de saberes de mobilização e organização comunitária", realizada nesta quinta-feira (1º), foi pensada como uma forma de provocar, desde já, o posicionamento político necessário para se encarar a conjuntura pós-golpe no Brasil. "Os direitos que a gente vinha batalhando vão ficar ainda mais difíceis de serem conquistados no contexto atual", ressaltou Álvaro Carrara, do CAA/NM. "Achamos importante fazer este encontro porque agora vai ser demandada mais mobilização para exigir direitos".
Como espaço para abrigar lutas e direcionar caminhos, a Articulação Rosalino vem se fortalecendo cada vez mais na denúncia de violações sofridas pelos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, constituindo um importante momento de encontro entre representantes e lideranças. "Antes da Rosalino, esse povo que tá aqui agora não ficava junto não", diz Cícero Lima, da Articulação Vazanteiros em Movimento. "Foi preciso muito trabalho de base. Nós temos que trabalhar para trazer nosso povo".
As principais dificuldades relatadas pelos participantes da oficina foram relacionadas ao ataque diariamente vivenciado em seus territórios. A crescente criminalização dos movimentos sociais e lideranças populares coloca em situação de vulnerabilidade a luta por direitos, que se mostra cada vez mais necessária. Mas, para que nunca cesse o processo de empoderamento e reconhecimento dos povos tradicionais, foram pensadas propostas de ações durante a oficina, como o fortalecimento da educação no eixo da retomada de territórios tradicionais. A Rosalino também se propôs à contribuir com o Mapa dos conflitos ambientais desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (GESTA), da UFMG, como estratégia de dar visibilidade para as situações enfrentadas nas comunidades tradicionais.
"Para mim é muito grande a importância da Rosalino e de estar nestes espaços", ressaltou Eliad Gisele, da comunidade Quilombo de Raiz, Diamantina, em conflito territorial com o Parque Nacional das Sempre Vivas. "Eu só percebi o risco que a gente tava correndo quando ouvi seu Braulino, Gilberto, Hilário falando no último colóquio que teve. Isto foi importante e, desde então, tudo o que a gente conseguiu foi nestes espaços coletivos, de estar aqui, discutindo, e ter este povo como irmão, indicando os caminhos que podemos ir".
Aproximando ciência e compromisso social, o Colóquio encerrou hoje sua programação, que durante os dias 30 de agosto de 1º de setembro reuniu pesquisadores, representantes do poder público, lideranças comunitárias e organizações de apoio no debate sobre o avanço do capital sobre os território tradicionais.
Postado por: Cibelih Hespanhol Torres
Editado por: Cibelih Hespanhol Torres