Publicado em 30 de Janeiro de 2018 às 07:18
O primeiro mês de 2018 vem chegando ao fim e o desejo de agricultoras e agricultores do Norte de Minas é que este ano seja um ano com muita chuva, de preservação da agrobiodiversidade e conquistas políticas. Os desafios dados, tanto na área política quanto na social são muitos, mas o povo que sempre lutou por uma vida digna e sustentável no campo resiste e tem fé que o novo ano trará conquistas e frutos de suas lutas.
Joeliza Brito, geraizeira do município de Riacho dos Machados e diretora secretária do CAA-NM, acredita que reconhecer os desafios, logo no início do ano, faz com que seja possível encontrar formas de encará-los. “Esperamos que no ano de 2018 as forças se renovem. É um ano de muita esperança e que desafios como a falta de água, o aumento do desemprego e perdas na agricultura familiar possam ser superados".
Em dezembro de 2017, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos apontou que o volume de chuva acumulado no Norte de Minas passou de 200 mm em várias localidades. O volume esperado normalmente neste período é de 150 mm. Para este ano, as análises mais detalhadas sobre as previsões serão realizadas em janeiro e no início de fevereiro. Há uma baixa previsibilidade na região, o que reflete em possibilidade de temperaturas e chuvas não previstas.
No entanto, a pouca chuva que molhou o sertão norte mineiro este ano, regou esperança. Para Eliseu José de Oliveira, diretor geral do CAA-NM, o ano chega com indícios de que a região terá bastante chuva. “A questão do clima e da chuva, eu acredito que vai melhorar, esse ano já começou melhor e eu acredito que os agricultores vão poder plantar e poder colher”, sustenta.
Com muita ou pouca chuva, a importância de preservar a água se faz sempre presente, mas para além do cuidado, Leninha Souza reforça a importância de produzir água: “É preciso produzir água, além de preservar, de conservar, de fazer um bom manejo da água. Existem tecnologias que ajudam o ciclo da água no ambiente que permitem que a gente possa fazer com que a água permaneça no solo, que ela entre no ciclo da pequena propriedade segurando a água da chuva, mas principalmente fazendo práticas de uma agricultura sustentável”, argumenta.
Ano de Encontro Nacional de Agroecologia
O ano de 2018 promete ser de união entre o campo e a cidade. O IV ENA, vai acontecer na capital mineira, trazendo como lema “Agroecologia e Democracia, unindo Campo e Cidade”. O Encontro será realizado entre os dias 31 de maio e 3 de junho, com os objetivos de proporcionar trocas de experiências em agroecologia, debater os efeitos das políticas públicas para a agricultura familiar e para os povos e comunidades tradicionais, além de dar visibilidade pública à agenda política do movimento agroecológico junto aos governos e à sociedade.
Para a organização do Encontro, “a realização do ENA em uma capital reafirma a necessidade de ampliação do diálogo entre campo e cidade, do fortalecimento dos encontros entre as diferentes culturas e de dar visibilidade às experiências de agroecologia, agricultura urbana e de resistências ao grande capital”.
Segundo Allan Santos, da Articulação Semiárido Mineiro, a discussão sobre agroecologia e democracia dialoga com o atual contexto em que o Brasil vive. “A agroecologia e os processos do campo são uma conquista democrática, que por meio de políticas públicas e sociais, propiciaram uma nova realidade à mulher e ao homem camponês. O severo golpe na democracia, que estamos vivenciando, visa acabar com esses direitos, de forma a inviabilizar a pequena lavoura e priorizar a cultura dos grandes latifundiários e do uso desenfreado de agrotóxico”.
Resistência e estratégias políticas
Em um ano de eleição geral, os desejos para que 2018 seja um ano de conquistas para trabalhadoras e trabalhadores é um dos fatores que mais pulsam em todo Brasil. Após tempos instáveis, o período eleitoral vem como a solução para unir o país que sofreu por divisões após um golpe político. Isso é o que espera Eliseu José. Para ele, "o maior desejo é que o resultado da eleição reflita a real democracia". Para Joeliza Brito, é importante que o/a candidato/a que for eleito/a “pense a participação da mulher na sociedade, pense a igualdade e no bem comum de todos e todas”.
Eleger deputadas/os e senadoras/as que tenham compromissos com a democracia e com o povo também é muito importante. “Nós vamos eleger seis pessoas para nos representar, seis porque não é apenas o presidente da república com quem devemos nos preocupar, mas principalmente com o congresso nacional, o senado, com a assembleia legislativa e com o governo de estado. O Brasil desnudou com o impeachment a qualidade do congresso que nós temos, então não adianta ter um presidente da nossa linha, se temos um congresso composto por interesses corporativos”, explica Leninha.
Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia
Editado por: Paula Lanza Barbosa