Publicado em 22 de Dezembro de 2017 às 14:44
O protagonismo dos jovens rurais no Norte de Minas tem sido debatido em diversos espaços e tem levantado a importância de incentivos para que a juventude permaneça no campo e tenham autonomia. Não é de hoje que se fala em sucessão rural e na falta de condições que fazem com que meninos e meninas saiam dos seus territórios em busca de uma vida melhor na cidade, longe de suas tradições e famílias.
Diferente do que se espera, os resultados desse processo são comunidades cada vez mais esvaziadas e centros urbanos que oferecem às jovens condições de vidas precárias, como explica Aline Souza, cientista social e colaboradora do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA-NM. Para ela ao saírem do campo não há uma perspectiva de continuidade do trabalho e nem na luta por direitos de agricultores e agricultoras, povos e comunidades tradicionais. “A preocupação principalmente com o rural é que os jovens teriam que estar mais engajados na luta que existe nos territórios contra grandes projetos, mas como eles não estão lá o pessoal fica bastante preocupado em quem vai dar continuidade nisso. ”.
Visibilizar possibilidades para que sair do campo não seja a única opção da juventude e apresentar alternativas de renda para gerar uma maior autonomia e condições dignas de sobrevivência, são alguns dos eixos de ação do CAA-NM e da Cooperativa Grande Sertão. Durante o mês de dezembro aconteceram duas atividades que evidenciaram que os jovens rurais querem se estabelecer em suas comunidades a apoiar a construção de um campo diverso e com oportunidades.
Esses espaços são importantes para dar alternativas para os jovens é o que explica Antônio Marcos: “Antes eu pensava em sair e ir embora, eu tinha a ideia de cursar o 3º ano e ir embora, mas aí eu fui participando desses movimentos e abri minha mente, me fazendo enxergar coisas que eu não enxergava.”
JUVENTUDE PENSANDO OS PROCESSOS DE FORMAÇÃO
Ninguém melhor para apontar processos de formação de jovens que a própria juventude. Com o apoio de parceiros e diversas organizações, nos dias 11 e 12, aconteceu em Rio Pardo de Minas, o Seminário Regional de Juventudes, que teve como objetivo socializar os resultados do Programa de Formação de Jovens do CAA-NM, que desde a década de 1990 forma a juventude norte mineira em temáticas como agroecologia e Povos e Comunidades Tradicionais. Além de buscar reflexão coletiva em torno das perspectivas de continuidade deste processo formativo, a partir da mobilização das demandas das juventudes rurais da nossa região.
Para Mirian Nogueira, colaboradora do CAA-NM, o papel do seminário foi cumprido e apontou resultados importantes e também sugestões de modificação. “A partir disso, foi tirado neste seminário uma comissão que será responsável por acompanhar a próxima turma de formação e também contribuírem de forma efetiva na construção da mesma. Para isso, essa comissão irá se encontrar periodicamente para discutirem assuntos de seu interesse. A comissão é formada por jovens, parceiros locais, equipe do curso e direção do CAA.”.
COOPERATIVISMO E AUTONOMIA
Em parceria com a Heks, agência de cooperação internacional, foi realizado o curso de Cooperativismo e Protagonismo Juvenil, em Montes Claros. O momento aportou oportunidades para a juventude adquirir renda de maneira coletiva e entender os processos de comercialização solidária, que se preocupa em dinamizar a economia, mantendo a preocupação com o social, o ambiental e ainda trabalha o valor cultural das comunidades.
Para Aparecido Alves, diretor da Cooperativa Grande Sertão, é importante que a juventude se empodere nos processos de organização. “A gente percebe que dentro do nosso trabalho é fundamental que, além do trabalho com as mulheres, a gente consiga também trazer o jovem para o cooperativismo.”
“O trabalho da Cooperativa Grande Sertão é muito interessante porque ele dá a oportunidade para pequenos agricultores para mostrar o seu trabalho e inserir a juventude nesses espaços é importante porque as pessoas vão envelhecendo e algumas pessoas se vão, então é importante repassar esse conhecimento para os jovens para que eles possam dar uma continuidade no trabalho.”, conta Erica Leles, jovem que participou do curso.
Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia
Editado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia