Publicado em 23 de Fevereiro de 2019 às 11:37
Foto: Sueli Xakriabá
Na última sexta-feira (22), caciques, lideranças e representantes de diferentes comunidades do Território Indígena Xakriabá estiveram na Superintendência Regional de Ensino de Januária, Minas Gerais, reivindicando que as medidas de cortes propostas pelo Governo de Estado, não afetem os direitos conquistados nos últimos anos.
O que está colocado e que chegou de informações para as direções das escolas no território é que haverá multisseriação de turmas, provocando inclusive um corte nos servidores locais. Para a comunidade a decisão é irresponsável e fere direitos, já que não se tem nem a estrutura básica garantida.
“Hoje as nossas escolas Indígena Xakriabá encontram-se todas paradas devido a esse processo de retiradas de direitos, onde chegou para as direções vários pareceres informando as perdas de tudo, a diminuição de servidores, multisseriação de várias turmas, casos até de quatro turmas multisseriadas de níveis diferentes e a gente sabe que as nossas escolas e salas tem estruturas precárias onde funcionam até em espaços improvisados, e por isso não suportam a quantidade de 30 ou 40 alunos. Não tem professor que dá conta de dar aula em turmas multisseriadas para essa quantidade de alunos, não tem como fazer planejamento e muito menos ministrar aula dessa forma.”, conta Jusnei Xakriabá – ex membro da Coordenação de Educação Indígena do Estado representando os povos indígenas de Minas Gerais.
Ainda segundo Jusnei as lideranças, junto com as comunidades refletiram que não há condições de funcionar as aulas e dar um atendimento de qualidade para os alunos: “Estamos reivindicando em defesa ao atendimento aos nossos mais de 450 alunos indígenas Xakriabá que vão ser prejudicados por causa dessas turmas que estão sendo multisseriadas e mais de 200 servidores indígenas vão ficar sem os cargos.”, explica.
Hilário Corrêa Dbazakzêkõ reforça que a luta pelos direitos é conjunta, não são apenas os direitos dos povos indígenas que estão ameaçados, assim como também os de outros povos e comunidades tradicionais. "Tudo que acontece de tirar 'gordura' não sei da onde, tem que tirar de onde não tem e isso tem que acabar, tem que tirar da onde tem", reivindica Hilário que também faz parte da Articulação Rosalino Gomes de Povos e Comunidades Tradicionais, rede que reúne representação de 7 povos do Estado de Minas Gerais.
Durkwa Xakriabá, liderança da juventude, explica que enquanto a decisão por parte do Estado não for suspensa, as aulas continuarão suspensas, e que irão em instâncias maiores para lutar por seus direitos: “Cada vez eles querem rasgar a constituição na nossa cara, o que nos é garantido por direito. Viemos aqui resolver a questão da nossa educação, que não é desvinculada a questão da saúde e do território, a qual o atual Governo de Estado vem fazendo cortes. A gente não tem culpa se está devendo lá ou devendo cá, mas o que eles têm que fazer é manter e garantir os nossos direitos. E como a gente sabe, o povo Xakriabá e os demais povos do país vem lutando e a gente vai continuar lutando e resistindo para garantir aquilo que é de direito para o nosso povo.”, afirma.
Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia