Publicado em 28 de Outubro de 2013 às 16:30
Helen Santa Rosa e Kelly Aquino – Comunicadoras do CAA/NM e ASA
“ Meu avô que tem 98 anos me contou que antes guardava as sementes no surrão, uma sacola feita do couro do gado. Tinha vários tipos de semente de milho e feijão, que foi se perdendo com o tempo. Mesmo assim ele tem muita vontade de resgatar as sementes de antigamente e plantar de novo”, relata a estudante indígena do 3 ano Maria José Ferreira Cruz da Aldeia Barreiro Preto. A partilha de informações foi realizada durante a I Feira de Sementes do Povo Xakriabá realizada entre os dias 20 e 21 na área da Retomada, Aldeia Vargem Grande, município de Itacarambi/MG. Participaram representantes de 15 aldeias, que além de relatarem as informações preliminares do levantamento dos guardiões das sementes crioulas da Terra Indígena Xakriabá, trocaram sementes e fortaleceram a articulação entorno do resgate e multiplicação da agrobiodiversidade.
Com iniciativas como esta o Povo Xakriabá busca garantir sua autonomia na produção das sementes crioulas com foco na garantia da segurança e soberania alimentar. “Semente e território não se separa, assim como a cultura, a educação, são todas as lutas do nosso povo”, reforça Hilário Xakriabá, guardião da agrobiodiversidade.
Foram realizados debates e discussões sobre a importância da retomada do território, a conservação e multiplicação de sementes crioulas na Terra Indígena, estimulados a partir de vídeos e fotos do trabalho das Casas de Semente das Aldeias Vargens e Sumaré III , realizado em parceria com o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA/NM. Além disso, foi apresentado o resultado parcial do Levantamento dos Guardiões de Sementes realizado pelos estudantes e professores indígenas.
“A feira é um momento de apresentar a riqueza da Terra Indígena, a diversidade de sementes e saberes. É hora de mostrar a todos os indígenas que não é necessário buscar sementes de fora. E a feira acontecendo na área de retomada fortalece ainda mais a garantia do território. O plantio do campo de sementes na área proporcionará a multiplicação das sementes crioulas da própria Terra Indígena para todos”, analisa a agrônoma Anna Crystina Alvarenga.
Editado por: Helen Dayane Rodrigues Santa Rosa