Publicado em 20 de Outubro de 2015 às 11:52
A seca e falta de chuvas são problemas que vem preocupando a cidade de Montes Claros, que entrou na lista dos municípios em estado de emergência no dia 25 de setembro. A prefeitura da cidade publicou um decreto oficializando a situação, no qual sustenta que "choveu de forma irregular durante o período compreendido entre junho a setembro, e que as precipitações registradas foram abaixo da média histórica prejudicando todo o sistema produtivo da cidade e contribuindo para o esgotamento dos mananciais, açudes e tanques existentes".
Preocupados com o contexto, o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Montes Claros e o Centro de Agricultura Alternativa começam a se reunir para pensar alternativas frente a situação, propondo a mobilização do jovens em comunidades rurais como uma forma de tratar do tema da água, conservação do solo e recuperação de nascentes.
Nesta entrevista, conversamos com Robson Araújo e Josiane Aparecida, representantes do Sindicato.
Há quanto tempo a seca vem prejudicando os agricultores das comunidades rurais de Montes Claros?
Josiane: Há uns cinco ou seis anos a seca vem ficando mais grave. Quase não chove, e quando chove são chuvas isoladas, que molham muito rápido. Os agricultores não estão preparados para reter essa água nas propriedades. Essa discussão sobre a seca já deveria ter começado há muito mais tempo.
Robson: Precisamos agora não apenas remediar a situação que já está, mas também se preocupar com o futuro.Precisamos criar medidas para amenizar e solucionar problemas futuros que ainda estão por vir. Cada ano que passa, a seca piora mais.
Os agricultores estão sentindo mudanças no ciclo das águas?
Robson: E muita. Porque as secas de antes também faziam faltar água, mas não chegava a faltar até para beber. E a realidade de várias comunidades e municípios hoje é de faltar água para beber. Alguns poços já chegaram a secar.
Josiane: E as pessoas demoram para acreditar que isso já está acontecendo. Quando a gente fala que a água está acabando, as pessoas geralmente acham que está só diminuindo. Mas nas comunidades rurais, os agricultores já estão sem água para plantar, para consumo próprio.
Durante a reunião de hoje com o Centro de Agricultura Alternativa, surgiu a proposta de começar um trabalho de mobilização educacional junto a jovens das comunidades, para tratar do tema da água e recuperação de nascentes. Como vocês veem essa parceria com o CAA?
Josiane: Fazer esse trabalho nas comunidades, falando que você tem que economizar água, ter consciência, proteger, vai ser mais fácil porque hoje todos já estão sentindo na pele a seca e o nível baixo dos rios. Hoje as pessoas já estão mais dispostas para se mobilizar. E é importante essa parceria com o CAA, porque a instituição tem o suporte técnico, sabe os caminhos que nós temos que tomar.
Robson: Nós temos o conhecimento prático, e o CAA tem o conhecimento técnico. Então, podemos somar essas duas partes para fazer esse trabalho de mobilização.
Carlos Dayrell, pesquisador do CAA, mostra mapeamento de nascentes levantadas na região de Montes Claros
Postado por: Cibelih Hespanhol Torres