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“O mundo precisa conhecer a agroecologia”

Publicado em 3 de Março de 2017 às 11:34

“O mundo precisa conhecer a agroecologia”

Após 15 dias em atividades de articulação e debates políticos na Alemanha, realizadas na segunda quinzena do mês de janeiro, Leninha Souza, coordenadora de Articulação Política do CAA-NM apresenta um balanço dos diálogos realizados. As agendas políticas vieram de diversos convites do Governo Alemão, Agência de Cooperação Internacional Pão Para o Mundo e Universidade de Cassel, parceiros do CAA-NM no Norte de Minas e Cerrado brasileiro. Um importante evento realizado foi o “The Global Forum for Food and Agriculture”, espaço de debates entre especialistas sobre o setor agroalimentar global. Veja como foi a viagem na entrevista a seguir:

 

Como surgiu o convite para ir para Alemanha e o que foi o evento?

O convite ao CAA foi feito pelo governo alemão, mas com o apoio de Pão para o Mundo e Misereor, que são duas agências que promovem o trabalho aqui no Brasil. O governo Alemão promove há muitos anos a Semana Verde que é o maior evento da agricultura da Europa, onde além de fazer o debate político eles fazem grandes feiras com exposição de comidas e criação de animais, de tecnologia, valorizando inclusive todas as regiões da Alemanha.

 

Qual foi a importância de participar da Semana Verde?

Esse evento foi importante porque a gente estava em uma mesa para confrontar como a gente tem a água como recurso natural, um bem comum pra humanidade. A água pra nós é um alimento sagrado, de vida, não é mercadoria, não é um negócio como as grandes empresas a tratam.

Nesse primeiro painel político, a Coca Cola estava lá com aquela visão de privatizar a água, de usar todos os recursos subterrâneos, já que a água superficial está escassa.

Foi um momento importante pra gente fazer um anúncio no mundo de que a demanda de alimento vai crescer nos próximos 25 anos e para produzir alimento precisa de água e que a gente tem esse recurso ameaçado, o que automaticamente compromete a segurança alimentar mundial. Ou seja, agrava a insegurança alimentar em países pobres da África e de outras regiões do mundo.

 

Além da Semana Verde, qual foi a outra agenda que o CAA foi convidado para participar?

Outro evento que tive a oportunidade de participar foi da Universidade de Cassel onde a gente fez um debate com os estudantes do mestrado, falando sobre o Cerrado e sua importância, já que nele estão as três principais bacias hidrográficas do Brasil. O Cerrado é como se fosse o pai e a mãe das águas brasileiras. É nele que nasce o Rio São Francisco, as bacias hidrográficas que alimentam a região amazônica... é do Cerrado também que sai as águas que alimentam o semiárido brasileiro.

 

Qual a importância de estar nesse espaço?

 

Foi um momento importante para apontar que o desmatamento, o uso intensivo de agrotóxico, a monocultura e as práticas do agronegócio são práticas que comprometem a biodiversidade, comprometem a água e acima de tudo comprometem a produção de alimentos para a humanidade. Esse tipo de agricultura não é sustentável.

Dessa forma, é preciso pensar outras formas de fazer agricultura, tendo a agroecologia como uma base, não só como uma ciência, mas um movimento e acima de tudo uma prática. Agricultura segundo a qual agricultores e agricultoras desenvolvem práticas que conservam os recursos naturais, e conseguem produzir alimentos de forma saudável, sem veneno, para dar mais saúde àqueles que precisam da nossa alimentação.

 

Esse evento também foi importante para conhecer outras agências, como a FDCL, que é uma agência alemã com muitas atividades de denúncia contra esse modelo de desenvolvimento, além de denúncia contra a violação de direitos humanos. Nós tivemos a oportunidade também de visitar pela primeira vez a Fundação Pol, que apoia projetos aqui no Brasil.

 

Você também participou de uma marcha em Berlim, qual foi o objetivo?

Participamos também de uma grande marcha em Berlim, onde a Misseror estava organizando uma fala e nós falamos em nome do povo do Brasil contra a fusão da Monsanto e da Bayer, essas duas grandes empresas que têm o monopólio das sementes e dos venenos. Elas estão pretendendo se juntar e essa fusão significa o monopólio. Nós falamos que não precisamos nem da Bayer nem da Monsanto para produzir nossas sementes, as nossas sementes são patrimônio da humanidade, queremos proteger nossas sementes, queremos resgatar nossas variedades, conservar, multiplicar.

 

Participamos também de um momento muito interessante do Slow Food Alemão, em que eles reutilizam produtos que não tem valor de mercado e produzem pães, fazem sopa, e realizam uma campanha de não desperdício de alimentos e de aproveitamento e valorização de alimentos saudáveis, orgânicos, sem veneno. Acima de tudo, um gesto de que nenhum ser humano deve passar fome, todos devem ter um direito a uma alimentação saudável.

 

Quais foram os encaminhamentos da viagem?

Nos encaminhamentos nós reforçamos para nossas agências, tanto para Misereor quanto para Pão para o Mundo, o nosso trabalho de fortalecimento das ações do direito, construindo alianças contra a mineração, construindo possibilidades de maior trabalho em relação à água. As outras visitas apontaram possiblidades que temos que dar consequência no diálogo.

 

No caso da Fundação Bol, ficamos de conversar aqui para ver como a fundação pode apoiar alguma ação na região e no caso da FDCL é um grande parceiro na área da comunicação alternativa. Estamos começando um projeto novo para o triênio e a ideia é que a gente se fortaleça nessa aliança com a cooperação internacional diante do contexto brasileiro, buscando apoio para continuar nossas ações e atividades junto às comunidades.


 

 

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Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia