Publicado em 19 de Julho de 2013 às 10:44
Kelly Cristina de Aquino – Comunicadoras da ASA Minas/CAA/NM - Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Montes Claros/MG
Na noite do último sábado (13), o Solar dos Sertões abriu as portas para receber os catopés, marujos e caboclinhos já em preparação para as tradicionais Festas de Agosto. Neste ano, o CAA-NM é mordomo da festa de São Benedito. A visita que faz parte do ritual das Festas é realiza aos mordomos e festeiros, como forma de lembrar os compromissos com os festejos, abençoar as casas e apresentar a família os cantos e rezas tradicionais. Participaram seis grupos sendo um de Caboclinhos, dois Marujos e três Catopés, devotos de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Divino Espírito Santo. As Festas este ano acontecem de 14 a 18 de agosto na Praça da Matriz.
“O CAA trabalha com a valorização e resgate da cultura dos povos do Norte de Minas, e hoje nós como mordomos afirmamos este compromisso de valorização a cultura regional. É satisfatório ter a oportunidade de abrir as portas do Solar dos Sertões, pela primeira vez, para receber os catopés, antes das tradicionais Festas de Agosto”, analisa o diretor financeiro, Eliseu José de Oliveira.
Mestre Zanza, 76 anos, é catopê desde os 4 anos de idade. Para ele é um orgulho ser o guardião dessa tradição que é a mesma de quando participava com os pais e avôs. “A visita é importante para saudar os santos e reforçar que já é tempo das Festas de Agosto, que a tradição folclórica deve ser mantida. Meu sangue é catopé. Vou continuar enquanto eu aguentar”, explica Mestre Zanza.
As Festas de Agosto acontecem há quase duzentos anos e é marcada pela realização de uma festividade que homenageia os santos. Durante o evento acontecem missas, bênçãos e levantamentos de mastros, que são práticas religiosas, além da apresentação das Marujadas, Caboclinhos e Catopês.
Segundo o Mestre José Expedito Cardoso do Nascimento, patrono da bandeira de São Benedito, a tradição folclórica no Norte de Minas não pode parar.”A tradição passa de geração em geração, e a devoção religiosa reforça a nossa história”, analisa José Expedito.
Participação Feminina
Nas Festas de Agosto, a mistura de grupos folclóricos é a marca registrada do evento: enquanto os catopés trazem elementos da cultura africana e os marujos lembram os portugueses, os caboclinhos reverenciam a herança indígena, uma cultura que é tradicionalmente praticada por homens. O destaque é do grupo dos caboclinhos de Montes Claros por ser comandado por uma mulher, Maria do Socorro Pereira Domingos - a “cacicona”- que iniciou há 20 anos, bem jovem, sua participação nos festejos. “Desde os 8 anos que eu danço com os Caboclinhos, sendo que, em Montes Claros, eu fui a primeira menina a fazer parte do grupo. Aos 13 anos, eu me tornei “ cacicona”, relembra.
Editado por: Helen Dayane Rodrigues Santa Rosa