Publicado em 23 de Julho de 2018 às 15:10
Foi realizado em Montes Claros, nos dias 19 e 20 de julho, a VI Marcha de Mulheres Organizadas do Norte de Minas. Mulheres e homens, do campo e da cidade, ecoaram nas ruas gritos de luta por democracia e garantia de direitos, denunciando questões que afetam diretamente a vida das mulheres, como o golpe e a série de reformas que vem sendo efetivadas desde a saída de Dilma Rousseff da presidência.
A Marcha que foi puxada pela Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas, reuniu pessoas de mais de 33 comunidades e saiu da sede dos Trabalhadores Rurais, seguindo até a praça da Matriz, no centro da cidade. Durante a Marcha as mulheres fazem paradas em órgãos públicos para realizar denúncias e fazer reivindicações.
Além das denúncias locais como os impactos de grandes empreendimentos, como mineração, agronegócio e monoculturas, na vida das mulheres, outro ponto de denúncia são as diferentes formas de violência que atingem as mulheres diariamente.
O ato político reuniu mais de 600 mulheres que afirmaram que darão nas eleições deste ano a resposta nas urnas a todos os retrocessos, como explica Maria de Lourdes, catingueira, representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porterinha e da ACMONM, para ela o momento foi histórico e reflete a luta por transformação: “É assim que vamos mudar a história desse país, fazendo a reforma desse congresso e unindo as mulheres para fazer a diferença”, afirma.
Formação e Feira de Empreendimentos
Com o lema '’Mulheres do Campo e da Cidade em Luta por Democracia e Direitos’', no primeiro dia de encontro aconteceu a grande plenária e espaço de debate para refletir a atual conjuntura política, seu impacto na vida das mulheres e nos processos democráticos. Ainda houve oficinas de preparação para a marcha e noite cultural, com o lançamento do livro “Mulheres do Campo de Minas Gerais: trajetórias de vida, de luta e de trabalho com a terra”, inteiramente escrito por mulheres e organizado por Marina Alves Amorim, apresentações das crianças do Projeto Social JABS (Montes Claros), das mulheres da comunidade quilombola de Buriti do Meio (São Francisco) e da juventude do bloco Raparigas do Bonfim (Montes Claros).
Já no segundo dia, simultaneamente, aconteceu no Solar dos Sertões, a Feira de Empreendimentos liderados por mulheres. Segundo Lourdes, garantir o espaço de comercialização e reflexão, mostra a diversidade de frentes que a historicamente a mulhereda assume: “Mostramos que as mulheres não só marcham, as mulheres também produzem, as mulheres também tem cultura, as mulheres também são artistas. Mostramos que não estamos só fazendo caminhada, estamos lutando, nos formando e produzindo”
Para quem participou o momento dá visibilidade as lutas locais e une forças: “Quando a gente sai e mostra a comunidade da gente, a gente se insere nos movimentos e mostra nossa luta. Nós sofremos com o golpe, estamos juntos no sofrimento e esperamos que quando melhorar a gente esteja junto também”, afirma Flávia, do quilombo de Buriti do Meio, de São Francisco.
A VI Marcha de Mulheres Organizadas do Norte de Minas se encerrou no Solar dos Sertões, com a leitura da carta política e show da dupla Fabiana Lima e Bruno Andrade.
Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia
Editado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia