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Mulheres do Norte em Marcha: pelos direitos da mulher, Bem Viver e Agroecologia

Publicado em 10 de Março de 2016 às 10:48

Mulheres do Norte em Marcha: pelos direitos da mulher, Bem Viver e Agroecologia

Texto: Cibelih Hespanhol

Fotos: Indi Gouveia

Este 08 de março de 2016 coloriu de diversidade a luta pelos direitos das mulheres. Mais de 40 organizações e movimentos sociais levaram mais de 850 mulheres para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde permanceram acampadas em espaços de formação e diálogo; e mais de 2 mil para as ruas de Belo Horizonte, onde deixaram soltar seus gritos, cantos, bandeiras e vozes. A intenção do ato "Mulheres contra a lama que violenta e mata - queremos nossos direitos!" foi, além de levantar o tema do impacto do modelo desenvolvimentista e dos grandes empreendimentos na vida das mulheres, tendo como foco falas e atos de repúdio ao crime da Samarco, dar visibilidade às diversas bandeiras de luta do campo e da cidade.

Para isto, mulheres de todas as regiões se fizeram presentes. Do Norte de Minas, Agricultoras, Quilombolas, Indígenas, Geraizeiras, Vazanteiras, Veredeiras, Caatingueiras lembraram em suas histórias de vida a identidade de luta que as animam desde tão cedo. "Eu vivi uma vida muito difícil. Criei doze filhos no cabo da enxada, e hoje estou aqui para mostra a luta das mulheres, que tem sido muito dura. Hoje, o pouco de direito que a gente conseguiu está sendo tirado de nós", sustenta Dulce Borges Pereira, agricultora e caatingueira.

Para estas mulheres, que afirmam suas identidades como quem grita por resistência, lutar contra o machismo também é reivindicar seus territórios tradicionais, contra a expropriação territorial promovida por grandes empreendimentos como mineração e monocultura de eucalipto, e contra a perda de direitos, articulada pela ação repressora e constante de diversas esferas do poder. É assim que junto ao Feminismo, levanta-se a bandeira pela Agroecologia e pelo Bem Viver dos Povos. "Estou aqui com o objetivo de dar visibilidade ao meu Povo, e principalmente às mulheres do meu Povo", diz Flavia Xakriabá, do Povo Indígena Xakriabá.

Esta diversidade foi provada durante toda a mobilização, que permitiu a troca de saberes e experiências entre as participantes. "A gente vê que as urbanas começam a entender quais são as demandas das mulheres do campo. As geraizeiras entendem quais são as bandeiras das quilombolas. E a intenção é esta, de unificar as lutas", afirma Germana Platão, colaboradora do CAA/NM.

Sonia Mara Maranhão, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragem, lembra a importância destes espaços para a formação das mulheres envolvidas: "Às vezes a mulher percebe a violência que sofre, mas acha que não tem força para mudar, e naturaliza a situação. Estes espaços mostram que a esperança e indignação, se organizadas, podem transformar a realidade. E faz com que as mulheres se percebam  como atingidas pelas "lamas",  fazendo elas exercitarem o pensar sobre quais são as violações que elas vivem hoje nas suas vidas". Sonia também lembra o desafio que se abre agora às organizações e movimentos sociais, no sentido de dar continuidade ao trabalho com mulheres: "O grande desafio é como as organizações intencionalizam isto para que vire um processo permanente, de formação e mudança".

No Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, a questão de gênero e direito das mulheres é levantada principalmente dentro dos projetos de ATER Agroecologia, que estimulam a produção de grupos de mulheres. Para Germana Platão, levar estas agricultoras do Norte para momentos de mobilização como 08 de março é uma forma de intensificar ainda mais os trabalhos que relacionam Feminismo e Agroecologia: "Trazer estas mulheres para cá faz com que elas voltem ainda mais animadas para suas comunidades, com mais facilidade para trabalhar questões delicadas. Elas podem tomar um choque, mas começam a entender quais são as bandeiras dos movimentos e organizações". Nos Gerais e nas Minas, o "dia da mulher" é uma luta de todos os dias.

 

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Postado por: Cibelih Hespanhol Torres
Editado por: Cibelih Hespanhol Torres