Publicado em 16 de Março de 2017 às 09:25
Texto e fotos: Helen Santa Rosa
Quilombolas e camponesas dos municípios de Varzelândia e Ibiracatu acordaram às 4 da manhã para viajar até Montes Claros e participar da Marcha das Mulheres do Norte de Minas, que ocorreu no último sábado (11) pelas ruas do centro da cidade. Rumo a Belo Horizonte, lideranças indígenas, quilombolas, geraizeiras e catingueiras seguiram para se juntar às mulheres de todo o estado, onde manifestaram contra a Reforma da Previdência no dia 08 de março. A semana marcou uma intensa mobilização das mulheres do campo, das águas, das florestas e das cidades de todo o país, que se juntaram para manifestar contra a reforma da previdência.
Com gritos como “Temer sai, a previdência fica”, as mobilizações levaram às ruas centenas de mulheres. Em Belo Horizonte, foram dois dias de organização e conhecimento, principalmente neste contexto de perdas de direitos. “É um desafio muito grande superar a violência contra as mulheres. Essa é uma situação que cresceu muito em função desse governo que não reconhece as mulheres como cidadãs de direito, de igualdade no campo do trabalho e do salário. E como se não bastasse, quer igualar a nossa condição de aposentadoria com a dos homens”, argumenta Joeliza de Brito, liderança geraizeira e diretora do CAA/NM e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Riacho dos Machados.
Na quinta-feira (09), em Porteirinha, foi lançada a marca de produtos da Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas, que será utilizada em feiras e produtos comercializados por mulheres da região, com perspectiva de comercializar produtos também de mulheres que sofrem violência doméstica. Na sexta-feira (10), foi realizada uma caminhada pela cidade de Porteirinha contra a reforma da previdência, denunciando sua implicação na vida das mulheres.
Paula Cardoso de Oliveira, quilombola de Brejo dos Crioulos, participou da caminhada pelas ruas do centro de Montes Claros. Com seu tambor, veio trazer além dos gritos, seu canto e sua espiritualidade. Para ela, quando as mulheres se juntam, além de divulgarem as lutas de cada uma, o grito fica mais forte. “A gente fica mais animada quando vê tanta mulher lutando como a gente. Estamos todos na mesma luta pela nossa liberdade e pelos nossos direitos”, afirma.
Uma certeza que todas as mulheres têm é de que cada vez mais é preciso unir para lutar contra o retrocesso e firmar a luta comum por direitos. “Ainda é gritante a opressão, a exploração e a desvalorização do trabalho das mulheres. E só com união vamos conseguir garantir os nossos direitos”, sustenta Joeliza Brito.
Postado por: Cibelih Hespanhol Torres
Editado por: Cibelih Hespanhol Torres