“Seguiremos em Marcha até que todas sejamos livres” foi o grito de ordem que motivou as cerca de 300 mulheres que participaram da marcha realizada no âmbito da IV Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, no último dia (17), em Montes Claros. A concentração aconteceu no Bairro Major Prates, onde as mulheres gritaram palavras de ordem e cantaram, chamando a atenção de quem passava para a condição de mulheres rurais e urbanas na região do Norte de Minas. As mulheres participantes eram de Montes Claros, de várias cidades do Norte de Minas, da Zona da Mata e também do Sul do Estado. A ação teve como objetivo denunciar o projeto de mineração que está sendo implementado na região, questionando o modelo de desenvolvido atual, que coloca em perigo a produção e a soberania de diversas comunidades rurais e tradicionais, acirrando a realidade de crise hídrica já vivenciada.

“A Ação Internacional é realizada em um período, geralmente de abril a outubro de 2015, onde mulheres do mundo inteiro, em mais de 60 países, irão organizar lutas contra sistema capitalista patriarcal. Aqui no Norte de Minas Gerais é o momento das mulheres denunciarem o que as mineradoras,  com o aval do estado burguês, vêm fazendo na  violação  dos direitos e autonomia das mesmas em relação ao corpo,  território e trabalho”, explica Andréia Roseno, militante da Marcha Mundial das Mulheres.

A IV Ação Internacional foi proposta em dezembro de 2014, na plenária estadual da Marcha Mundial das Mulheres, realizada em BH. A realização da marcha em Montes Claros foi proposta devido ao fato de as mulheres da região serem constantemente afetadas pelos impactos da mineração. Além disso, na mesma data, a Associação do Coletivo de Mulheres já havia deliberado sobre a realização da V Marcha das Mulheres no município de Varzelândia, entre os dias 17 e 19 de abril.

Para Janete Soares, do Coletivo de Mulheres de Montes Claros, é importante que todas as mulheres abracem a causa e levem a campanha para todos os espaços.  “Nós não temos aqui ligação direta com a mineração, então não temos impacto direto, porém a mineração tem prejudicado fontes hídricas, e também a agricultura familiar e isso mulher gestora, mulher dona de casa, mulher trabalhadora rural sabe exatamente o que é. A marcha é fundamental por ser um momento para nos abraçarmos e dizermos que estamos e seguimos juntas. Este é o caminho para uma sociedade melhor, para um bem comum para todas e todos” afirma.

No âmbito da IV Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres foi realizado um ato de entrega do documento de denúncia ao Ministério público de Montes Claro. “O documento entregue ao Ministério Público denuncia algumas infrações dos direitos humanos e de agressão ambiental", conta a presidente do Coletivo e Mulheres do Norte de Minas, Lourdes Nascimento, que afirma que as mulheres são fundamentais na luta por mais direitos e por sustentabilidade.