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Laços de solidariedade entre agricultores e agricultoras do Cerrado

Publicado em 1 de Agosto de 2016 às 16:32

Laços de solidariedade entre agricultores e agricultoras do Cerrado

Mesmo trinta horas de viagem de Mato Grosso ao Norte de Minas Gerais não tiraram o ânimo de 50 agricultoras e agricultores familiares que participaram da visita de intercâmbio ao CAA/NM durante os dias 27, 28 e 29 de julho. Organizados em seus grupos representativos (Amigos do Cerrado, Assentamento Margarida Alves, Frutos da Terra, Amigas da Fronteira, APIC, AMAFAP, ARPEP, ARPA, dentre outros), os agricultores, que trabalham principalmente com pequi, baru, coco babaçu e cambaru, trocaram saberes e experiências sobre práticas agroextrativistas e beneficiamento de frutos do Cerrado.

 

A programação da visita de intercâmbio incluiu uma visita à Área de Experimentação e Formação em Agroecologia, onde participantes conheceram plantas nativas do Cerrado e sua aplicação na saúde humana, agricultura e criação animal. No último dia do encontro, a visita guiada à sede e fábrica da Cooperativa Grande Sertão permitiu o acompanhamento do processo final da produção de polpas e debate sobre estratégias de diversificação de mercados e produtos para a agricultura familiar.

 

A região Centro Oeste, onde está localizado o estado de Mato Grosso, é a que mais sofre hoje com grandes empreendimentos do Agronegócio brasileiro. Agricultoras e agricultores presentes no intercâmbio relataram impactos que vivenciam em seus territórios, assim como dificuldades para produzir e comercializar. Segundo Raniele da Silva Oliveira, agente de comercialização do Centro de Tecnologia Alternativa do Vale do Guaporé, é hora de retomar estratégias em conjunto. “Nós temos uma produção considerável, mas estamos perdendo frutos no campo. Precisamos das organizações e associações unidas para fortalecer o viés da comercialização”. Para ela, o intercâmbio ajudou a imaginar estratégias e possibilidades, e pode ser o começo de trocas mais estreitas entre o CTA de Mato Grosso e o CAA do Norte de Minas.

 

“É nosso papel estar a serviço das populações tradicionais”, afirmou Francisco Wagner Santos, da Cooperativa Grande Sertão. “Ouvir vocês atentamente é ouvir também os nossos anseios e vivências. Tudo o que vocês relataram, as dificuldades, os problemas, nós também vivenciamos”. Seguem unidas, em aprendizado mútuo e caminhada contínua, iniciativas por outra agricultura possível: mantendo o Cerrado em pé e a produção nas mãos das agricultoras e agricultores familiares.


Postado por: Cibelih Hespanhol Torres