Publicado em 30 de Novembro de 2016 às 11:46
Por Fabiano C. César
O IX EnconASA foi uma confluência de bandeiras para o fortalecimento do projeto de Convivência com o Semiárido. Realizado em Mossoró – Rio Grande do Norte, entre os dias 21 a 25 de novembro, o Encontro Nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro teve participação de povos e comunidades de todo o semiárido brasileiro. A pauta da luta pela terra, do feminismo, da agroecologia e dos direitos dos povos quilombolas e indígenas foi marcante. Dentro dessa grande representatividade, de lutas e bandeiras a juventude do campo marcou presença. No intuito de entendermos como a juventude do semiárido brasileiro está se organizando, frente à crise política que o Brasil vem enfrentando com a perda de direitos sociais, e a desarticulação das políticas de convivência com o Semiárido, entrevistamos Lucas Martins Ferreira, de 24 anos, coordenador Regional da Juventude Rural – norte de Minas/Fetaemg e diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Francisco Sá.
ASA Minas: Como você avalia a participação da juventude no IX EnconASA?
A juventude demonstrou em todos os momentos do IX ENCONASA o que ela realmente queria, fizeram questionamentos e cobranças, demonstraram a sua satisfação com os direitos conquistados. Souberam se articular no espaço político que o EnconASA representa e demonstraram sua insatisfação com a burocratização existente, dentro dos órgãos do governo, que os impedem de acessarem as políticas públicas voltadas para o jovem trabalhador rural, como Pronaf Jovem, por exemplo.
Durante o encontro a representação e atuação da juventude foi bastante expressiva, contribuindo ativamente, com intervenções, provocações e relatos de experiências de lutas em suas comunidades e territórios.
A Juventude conseguiu ocupar os espaços do IX EnconASA, e vem diariamente contribuindo na construção e execução das políticas públicas, nos trabalhos de base e principalmente com o debate da sucessão rural, que é um dos maiores desafios dos jovens camponeses em um momento que o capitalismo e as influências midiáticas vai contra essa ideologia. Nesse sentido, a participação e inclusão da juventude foi de grande importância em todos os espaços e discussões dentro do IX EnconASA.
ASA Minas: Durante o encontro foi realizado uma plenária da Juventude, quais foram os principais pontos abordados?
A juventude opinou pela criação de uma rede de informações para socializar as ações desenvolvidas em seus territórios, tentando também articular encontros de jovens em âmbito territorial, municipal, estadual e nacional.
Os principais temas abordados na plenária foram: avaliação da juventude quanto ao golpe e as demais manifestações, de que forma as ações da juventude estão chegando na base, eleições municipais de 2016, participação da juventude dentro da eleição e a falta de formação política sindical.
ASA Minas: No último dia do EnconASA foi lida uma carta da Juventude, porque da elaboração da carta?
A ideia da elaboração da carta veio como uma forma de mostrar a importância da juventude no atual conjuntura política que o país vive, buscar garantir os nossos direitos e mostrar nossa indignação contra o golpe e a PEC 55 do congelamento de gastos. A carta política não poderia deixar de ser elaborada, pois é a partir dela que vamos exercer nossos princípios e fundamentos discutidos, além disso, teremos um documento que pode ser utilizado como ferramenta para o poder público executar as políticas publicas voltadas para a juventude e também como pressão política.
ASA Minas: Que encaminhamentos foram construídos?
Todos os jovens presentes saíram como missionários para exercer os princípios de um indivíduo ativo, de senso crítico e agente de mudanças perante a sociedade. Além disso, promover, dentro dos seus territórios, a disseminação dos conhecimentos e experiências obtidas no IX EnconASA.
Na plenária da juventude, percebi que o ponto mais discutido e de maior importância, foi o desafio da juventude em permanecer no campo, e dar continuidade a todo o conjunto de conhecimento cultural obtido de nossos antepassados. Destaque também para as oportunidades de exercermos a sucessão rural juntamente com nossos pais. Outras opiniões provocaram desafios diferentes como, por exemplo, a inserção dos jovens na política e a falta de formação político sindical.
Imagino que a aceitação do jovem na comunidade está diretamente ligada ao seu histórico, se sempre exercemos atitudes justas e responsáveis é claro que vamos obter boa aceitação de nossas ideias no ambiente comunitário.
Postado por: Fabiano Cordeiro César