Publicado em 23 de Julho de 2018 às 15:50
Entre os dias 5 e 6 de julho, famílias de comunidade de São João da Ponte, Norte de Minas Gerais, participaram do Intercâmbio de Trocas de Experiências na cidade de Capitão Enéas e na Área de Formação e Experimentação em Agroecologia - AEFA. O momento foi de conhecer de perto as tecnologias de convivência com o semiárido e outras experiências que possibilitam o armazenamento da água de chuva e fortalece a autonomia das famílias no consumo e na produção de alimentos sustentáveis.
A atividade faz parte das ações de formação do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que promove o acesso à agua para consumo, para produção livre de agrotóxicos e cuidado animal. No período de implantação das tecnologias, as famílias passam por oficinas que estimulam práticas agroecológicas, como alternativa, para produzir caldas e inseticidas naturais.
A primeira parada do grupo foi na propriedade de Dona Do Carmo e seu Dindé, o casal há mais de uma década foi beneficiado com o Programa, que para eles, garantiu a soberania alimentar da família: “Eu vou falar para vocês que eu cuido da minha caixa como se fosse uma pedra preciosa, para gente foi uma benção receber ela aqui. Nós, produtores rurais da agricultura familiar, não tínhamos oportunidade de muitas coisas e hoje a gente tem uma verdura, tem uma fartura, se alimenta bem, porque a melhor coisa que tem é poder comer um produto sem veneno.”, conta Ducarmo, que explica que o cuidado com a produção é dividido dentro da própria família. Na propriedade as famílias puderam conhecer o quintal produtivo e outras tecnologias, além de levarem para casa mudas e raízes para cultivo.
As famílias também puderam conhecer em Capitão Enéas a experiência de mais cinco famílias, além de visitarem o espaço da Associação. Nas visitas tiveram contato com os três tipos de cisternas que serão construídas nesta execução do Programa: barraginha, calçadão e enxurrada. As três são tecnologias tem a função de armazenar água para produção de alimentos e são construídas levando em consideração as características de cada família.
Além dos Programas executados pela Articulação Semiárido Brasileiro, as famílias também se impressionaram com outra metodologia de produção, que faz parte do Projeto Agroecológico Integrado e Sustentável – PAIS, que são ilhas agroecológicas que mescla a produção de hortaliças, frutíferas e criação de pequenos animais com bases agroecológicas, sem uso de agrotóxicos.
O agricultor familiar Laurentino Ferreira de Brito mostrou aos visitantes a tecnologia que cuida de forma comunitária com outras famílias. Seu Lau, como é carinhosamente conhecido, reforçou a importância de valorizar o trabalho e protagonismo das mulheres na agricultura familiar e dos programas de convivência com o semiárido na vida e renda das comunidades. “Nós aqui mesmo, vendemos, comemos, levamos para ferinha. Tem uma diversidade grande, a gente não precisa comprar verdura nunca. A gente vê um pedacinho de 'trem' desse assim e acha que não vai ocupar a gente quase nada, mas isso dá serviço todo dia e se não fosse a mulher eu não dava conta não,", explica seu Lau que é também um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Capitão Enéas.
No último dia de Intercâmbio, as famílias conheceram a Área de Formação e Experimentação em Agroecologia – AEFA, espaço gerenciado pelo Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas e Cooperativa Grande Sertão, é lá que as tecnologias são experimentadas antes de irem para as comunidades, além de ser um espaço para formação e trocas de conhecimento. Na AEFA as famílias puderam conhecer as primeiras cisternas de captação de água de chuva, o trabalho com semente crioulas, através da Casa Regional de Sementes e campo de salvaguarda, além de conhecerem práticas para cultivo de mudas, horta, roça e dicas para cuidados de pequenos animais.
Para o coordenado do P1+2, Alisson Maciel, a visita possibilitou uma visão ampla sobre as ações de convivência com o semiárido. “O intercâmbio foi um importante momento de troca de experiências entre agricultores e agricultoras, onde além de conhecerem as tecnologias de convivência com o Semiárido replicadas pela rede ASA em pleno funcionamento, puderam ver implantados e funcionando os caráteres produtivos, fazer troca de sementes, conhecer experiências agroecológicas e as práticas alternativas na produção de alimentos saudáveis.”, Conta.
O Programa Uma Terra Duas Águas está sendo executado atualmente pelo Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas em Porteirinha e em São João da Ponte, e, ao todo, 201 famílias estão participando da execução desta etapa, que tem o financiamento do BNDS - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social.
Confira algumas fotos da visita:
Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia
Editado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia