I Encontro Territorial de Sementes promove o debate da produção e multiplicação de sementes

“Continuamos na luta, com a esperança de recuperar as sementes e trazer para as comunidades. Sair fora de muita coisa ruim, como os transgênicos”.

Joel Ribeiro da Silva, agricultor do assentamento Betânia- Varzelândia

Por Fabiano C. César 

A promoção da Agroecologia como modelo de vida implica uma estratégia que contemple uma diversidade de ações. E dentro desse contexto, que o projeto Sementes do Semiárido deve ser pensado: como uma ação para fortalecer os modos de ser e viver dos povos e comunidades tradicionais, um projeto que fomenta a sustentabilidade, com enfoque na agroecologia.

Pensando esse processo maior, foi realizado o I Encontro Territorial do projeto Sementes do Semiárido, da Articulação do Semiárido Mineiro-ASA Minas. Com o tema “Produção e Multiplicação de Sementes”. O encontro reuniu agricultores e agricultoras familiares de oito municípios do Norte de Minas, entre os dias 21 e 22/10, na Área de Experimentação e Formação em Agroecologia – AEFA, do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, unidade gestora do projeto, em Montes Claros-MG.

O projeto Sementes do Semiárido objetiva ampliar a proposta de convivência com o Semiárido, reforçar a cultura de guardar sementes crioulas e construir casas de sementes comunitárias.

A agricultora Maria do Patrocínio, da comunidade de Cachoeirinha II, do munícipio de Manga, relatou que: “a importância de guardar semente é porque a gente sabe que é boa. A semente que compramos no mercado não sabemos de onde vem. As sementes que nossos avós guardavam é de qualidade. Com o apoio da casa de semente nós ficamos fortalecidos”

Joel Ribeiro da Silva, do assentamento Betânia, município de Varzelândia, afirmou que: “há 16 anos estamos no assentamento, lá já tem um grupo que trabalha com semente. Mas nos últimos anos perdemos muita semente devido ao tempo. Plantamos e perdemos, isso enfraqueceu bastante. Com o apoio das entidades, esperamos conseguir ter nossa semente garantida. Ter semente significa liberdade”

Guardar sementes crioulas não é um ato que beneficia, exclusivamente, os povos do campo. A cidade ganha muito. Pois guardar sementes crioulas, é garantia de alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos e de alimentos produzidos de sementes transgênicas. É garantia de segurança alimentar. É garantia de alimentos de verdade para o campo e a cidade.