Geraizeiros apresentam avanços do subprojeto Água dos Gerais
Geraizeiros apresentam avanços do subprojeto Água dos Gerais

Geraizeiros apresentam avanços do subprojeto Água dos Gerais

Por Paula Lanza Barbosa
Editado por Paula Lanza Barbosa

Publicado em 26 de Fevereiro de 2018 às 15:28

No dia 21 de fevereiro, a consultora do Banco Mundial Brasil Carolina Höfs e o consultor Christoph Diewald, acompanhados de integrantes da equipe-chave do DGM Brasil, realizaram uma visita ao subprojeto Água dos Gerais: Geraizeiros seguem na luta para preservar a vida, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Nascentes Geraizeiras, no Norte de Minas Gerais, para monitoramento das ações. O grupo realizou visitas de campo e se reuniu com lideranças das comunidades de São Modesto, Catanduva, Brejo, Riacho Dantas e Barreiro, na sede da associação comunitária de São Modesto, município de Montezuma, região do Alto Rio Pardo. Também integraram a reunião representantes da Rede Sociotécnica no Alto Rio Pardo e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O principal objetivo do subprojeto é recuperar cabeceiras de nascentes localizadas no entorno da RDS Nascentes Geraizeiras, que possui uma área de mais de 38 mil hectares, buscando ampliar o volume de água e assim o acesso aos recursos hídricos pelas famílias da região. Isso será realizado por meio da restauração da vegetação nativa das áreas de recarga e das veredas, devastadas pelo monocultivo de eucalipto, bem como a construção de bacias de contenção de água de enxurrada, a fim de se evitar o assoreamento das nascentes no período de chuvas e o avanço da erosão. A ideia é também realizar a captação de água da chuva para conservação da umidade do solo e abastecimento do lençol freático.

Além do relato sobre os desafios da gestão do subprojeto, a visita oportunizou verificar os resultados das construções das bacias de contenção de água de enxurrada. “Neste ano ainda não foi preciso retirar os sedimentos que anualmente aterram a nascente que serve à comunidade”, contou o geraizeiro Valdir da Silva, vice-presidente da associação da comunidade de São Modesto e coordenador do Água dos Gerais.

Em parceria com o projeto Bem Diverso (Embrapa) já foram iniciados mutirões de coleta de sementes e plantio de espécies nativas por meio de semeadura direta - técnica que permite reintroduzir todos os estratos do Cerrado, incluindo ervas, arbustos e árvores, o que por meio de mudas seria inviável. A partir dessa atividade foi possível a implantação de um hectare de unidade de experimentação em restauração de área de Cerrado degradado após a monocultura de eucalipto e ocorrência de incêndio, localizada na parte superior (chapada) da microbacia do córrego São Modesto.

E em parceria com a Emater-MG foi realizada uma troca de experiências acerca da importância das bacias de captação de águas pluviais e de enxurradas, destacando o levantamento, dimensionamento, volume e a função da mesmas. Na ocasião foram construídas 12 bacias de contenção das águas pluviais e de enxurradas.

“Desde a concepção do projeto Água dos Gerais, buscou-se o envolvimento e a realização de parcerias entre organizações governamentais, privadas e, sobretudo, da sociedade civil organizada, com o objetivo de restaurar os recursos hídricos existentes na comunidade de São Modesto e demais comunidades que compõem a RDS Nascentes Geraizeiras, nos municípios de Rio Pardo de Minas, Vargem Grande do Rio Pardo e Montezuma, no norte do estado de Minas Gerais”, explicou Álvaro Carrara, coordenador do DGM Brasil. “Espera-se continuar ampliando as parcerias estabelecidas e oportunizar a participação de inúmeras outras comunidades rurais da RDS e da região do Alto Rio Pardo que são afetadas pelos impactos da monocultura do eucalipto e a degradação do Cerrado na região”, acrescentou.

A ideia é que as experiências vivenciadas pelas famílias de São Modesto se estendam para as comunidades de Brejo e Barreiro, também em Montezuma, além de Catanduva, município de Vargem Grande do Rio Pardo, por meio do apoio do projeto DGM Brasil. Um plano de trabalho para a continuidade das atividades foi apresentado e aprovado junto às outras três comunidades, e as atividades de preparação e implementação já estão sendo realizadas.

O subprojeto Água dos Gerais está sendo desenvolvido pelo Conselho Rural de Desenvolvimento Comunitário dos Produtores Rurais da Fazenda São Modesto em conjunto com o Conselho Gestor da RDS Nascentes Geraizeiras, com apoio do DGM Brasil, que tem o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM) como agência implementadora do projeto no Cerrado brasileiro. Tem como parceiros o projeto Bem Diverso, responsável pela implantação da experiência de restauração do Cerrado visitada, além do apoio e assessoria do ICMBio.

Contexto histórico

A RDS Nascentes Geraizeiras é composta por 27 comunidades fortemente impactadas pela monocultura de eucalipto desde a década de 1970. Centenas de cabeceiras de nascentes secaram e se encontram erodidas pelo uso e abandono dessa atividade, pelas estradas e carreadores mal projetados e utilizados. Esses fatores causam a formação de enxurradas no curto período chuvoso da região, provocando inúmeros danos ao ambiente, às águas e à vida nas comunidades.

Os geraizeiros são comunidades tradicionais que exercem atividades extrativistas, de forma sustentável, no sertão norte-mineiro. Eles se denominam “geraizeiros” porque habitam a região dos Gerais, os planaltos, as encostas e os vales das regiões de cerrados, com suas vastidões que dominam as paisagens do bioma Cerrado. Depois de mais de 12 anos de luta foi criada, em 2014, a RDS Nascentes Geraizeiras, uma unidade de conservação com a finalidade de garantir sua sobrevivência e impedir a degradação ambiental do espaço onde vivem.

Fotos: Álvaro Carrara, Christoph Diewald e Paula Vanucci

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