Publicado em 25 de Junho de 2015 às 16:37
Em 2013, uma reunião do sindicato de Porteirinha desembocou numa nova ideia: fundar uma associação que resgatasse a cultura popular da região. Faltava apenas um nome capaz de dar identidade ao sonho. “E era importante que fosse o nome de uma árvore”, relembra seu Oscarino, dois anos mais tarde, em uma conversa tranquila no meio do dia. Um dos fundadores do grupo, seu Oscarino Aguiar conta sua história como ninguém. “Era mês de agosto, época de seca, e a gente tava reunido com o pessoal para pensar num nome. De longe a gente viu um pé de umbu. Ao redor tudo seco, mas só o pé de umbu lá. Porque o umbuzeiro guarda reserva da água. Na seca, tudo cai, e o umbuzeiro resiste.” Pronto, aliestava o nome: Associação Umbuzeiro.
A primeira apresentação do grupo foi no Sarau Cultural de Porteirinha. Com trajes típicos – mulheres de saia florida em cores, homens de chapéu na cabeça – o Umbuzeiro veio em pares, cantando e dançando os versos: “ A gente canta os antigos mesmo: ‘Não vai não meu bem, que lá tem uma ladeira. Cê escorrega e cai, quebra o galho da roseira”.
Hoje, são mais de 40 cantigas e 100 versos, cantados por jovens e idosos do Grupo Umbuzeiro. Inspirada na resistência da árvore típica da caatinga brasileira, a Associação segue resgatando a identidade do povo catingueiro através da cultura, frente às coisas descartáveis de hoje. “É uma coisa que não sei dar o nome, porque não tem autores. Os avós dos meus avós cantavam”. É que a cultura popular não tem autoria: pertence ao povo que a canta. E não a deixa morrer nunca. “É para mostrar para os mais novos quem nós somos, qual é a nossa identidade”.
Postado por: Helen Dayane Rodrigues Santa Rosa
Editado por: Helen Dayane Rodrigues Santa Rosa