Nos dias 23 e 24 de maio de 2024, na Área de Experimentação e Formação em Agroecologia (AEFA), em Montes Claros – MG, foi realizado o “Encontro dos Guardiões e Guardiãs da Agrobiodiversidade e OPAC dos Sertões”. O encontro foi realizado pelo CAA-NM, com o apoio da Fundação Inter Americana (IAF), Misereor, Pão para o Mundo (PPM) e a HEKS e contou com a participação de Agricultores e Agricultoras Familiares, Povos e Comunidades Tradicionais, técnicos/as, jovens e estudantes da Escola Família Agrícola – Nova Esperança (EFA-NE), de Taiobeiras – MG. 

O principal objetivo do encontro foi fazer um planejamento de ações vinculadas à certificação orgânica e agrobiodiversidade frente ao cenário de emergências climáticas e discutir sobre a OPAC que é o Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade, que visa agregar valor dos produtos da agricultura familiar e comunidades tradicionais a partir da certificação e do selo orgânico.

Foram feitos debates sobre a importância dos territórios na manutenção e conservação da biodiversidade, através de seus modos de vidas, com práticas agroecológicas, luta contra o agrotóxico, conservação das sementes crioulas, alimentação saudável e produção animal e, ao mesmo tempo, dos desafios que estes guardiões e guardiãs vêm enfrentando ao longo dos anos, com uma realidade de emergência climática, escassez hídrica e contaminações transgênicas nas plantações.

Imagens durante o encontro. (Fotos: Valdir Dias - Comunicação do CAA-NM)

Durante a programação, também foram realizados trabalhos em grupos para um levantamento de diversidade e perdas de espécies de semente e animais existentes nos territórios, os impactos e estratégias para recuperação e preservação, além dos participantes conhecerem experiências práticas na AEFA.  

Participantes reunidos fazendo trabalhos em grupos. (Fotos: Valdir Dias - Comunicação do CAA-NM)

Participantes visitando áreas da AEFA (Fotos: Mírian Nogueira - Equipe técnica do CAA-NM)

O encontro reafirma o compromisso e missão que os guardiões e guardiãs sempre carregam de preocuparem e zelarem para o bem comum dos ambientes e do Cerrado. Guardar e cuidar de uma semente crioula está conectado a essência da vida, da tradição, do direito à alimentação saudável e de forma geral, da continuidade das próximas gerações no planeta. 

Para Alisson Fonseca, da coordenação técnica do CAA-NM, o encontro foi importante e oportuno para debater as estratégias frente aos eixos apontados dentro do Plano estratégico para uso e gestão compartilhada da agrobiodiverdidade, que considera a integridade dos territórios tradicionais como essenciais aos modos de vida e dos sistemas agrícolas tradicionais, a adaptação das comunidades tradicionais como estratégias para enfrentamento às mudanças climáticas, as formas de uso e conservação da biodiversidade, as estratégias de acesso às políticas públicas e os próximos passos para o fortalecimento da rede de guardiões e guardiãs da agrobiodiversidade frente ao cenário político, social e econômico, inserindo a juventude nesse contexto.

O amor que cada agricultor e agricultora carregam, ao cultivar suas sementes crioulas, fortalecem a preservação das variedades e, mais do que isso, a garantia de uma alimentação saudável nas mesas de muitas famílias. É a essência, identidade e compromisso. Ser guardião e guardiã da agrobiodiversidade é o mesmo que conservar histórias, tradições e zelar pela vida do planeta.