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Avilmar de Luta, presente

Publicado em 19 de Agosto de 2016 às 10:57

Avilmar de Luta, presente

Alvimar, desde sempre, preocupava-se com as pessoas, com a organização. Onde existia opressão ele estava para denunciar e lutar junto. Em vida, foram muitas, as pessoas e as organizações que o convocaram, quantas e quantas vezes? Que o convocaram para pedir sua opinião, para se aconselhar sobre as lutas que travavam pelo direito, pela vida, pelas águas, pela terra, pelo cerrado, pelos territórios.

Alvimar de luta, sempre presente em todos os momentos e, principalmente, naqueles mais difíceis. Se quiséssemos, em pouco tempo colheríamos centenas e centenas de depoimentos, depoimentos que são o livro de sua vida. Nunca escreveu um livro, mas foram muitos os doutores, as doutoras, as mestres, os mestres que foram os seus alunos, que sobre ele escreveram, que para ele escreveram. Era com humildade e determinação, muita determinação, que orientava as pessoas, as comunidades, as organizações para a vida, para a luta, pois o seu lema era o “bem-viver”.

Alvimar de luta, o conhecemos desde sempre na comunidade, na paróquia, no sindicato, na CUT, na CPT, na Comissão Regional de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas. Do CAA, foi um dos seus primeiros construtores, assim como foi do Norte de Minas de luta, das Minas Gerais de luta. Dos operários, dos posseiros, dos lavradores, dos sem terra, dos agricultores familiares, das comunidades tradicionais, dos índios e dos quilombolas. Alvimar de luta dos camponeses, dos trabalhadores do campo e da cidade.

Quantas e quantas pessoas ele já abençoou em suas passagens pelo sertão?  Quantos latifundiários, grileiros, ele enfrentou juntos e na defesa dos camponeses? Quantas empresas, reflorestadoras, mineradoras, promotoras do trabalho escravo, da degradação humana e ambiental ele enfrentou?  Quantos e quantos assassinatos ele evitou? Quantas e quantas denúncias saíram de suas mãos, denunciando a degradação, a destruição, a omissão do estado subserviente aos interesses das elites conservadoras do país? Quantos assassinatos ele presenciou? Quantos cadáveres ele desenterrou para que a justiça se fizesse, sempre e sempre na defesa do irmão?

Alvimar de luta, era com humildade que chegava a todos os lugares. Nos últimos anos ele envolveu a fundo na unificação das lutas camponesas, dos povos das águas e dos cerrados,  camponeses todos, para enfrentar o grande desafio imposto pelo capitalismo. Seus amigos não são amigos de poucos dias. Ele os cultivava em casa, dentro de sua casa, com os vizinhos. Ele os cultivava nos sindicatos, nas comunidades, nas pastorais, nas organizações de base, nos movimentos sociais. Nunca buscou honrarias, nunca buscava o reconhecimento. Mas a sua família, os seus amigos, o seu bairro, sua paróquia, a cidade, O SERTÃO O RECONHECE!

Alvimar de luta foi condecorado pelo sertão, condecorado com a honraria da coragem.

Alvimar de luta, nos preparou para a vida, para a esperança, pela fé. Preparou-nos para a sua despedida ao encontro com CRISTO. E para este encontro ele foi de mansinho, no silêncio da noite, da madrugada, do dia chegando. Não queria choro, mas não tem como as lágrimas não escorrerem regando o legado que deixou aqui na terra juntamente com sua esposa, D. Lúcia, com os seus irmãos, com os seus filhos e filha, netos e netas. Legado que frutifica em todas as comunidades por onde passou, em todos os sindicatos, em todas as pastorais.

Alvimar de luta deixou o CAA como legado, que as comunidades do CAA muito agradecem. A vida, a terra, as águas, os cerrados e os seus povos agradecem. Que continue a nos abençoar nesta nova caminhada nos céus do Senhor!

 

Montes Claros, 19 de agosto de 2016

 

Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas

Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais

Cooperativa Grande Sertão


Postado por: Fabiano Cordeiro César
Editado por: Fabiano Cordeiro César