A luta dos Veredeiros para manter as veredas vivas
A luta dos Veredeiros para manter as veredas vivas

A luta dos Veredeiros para manter as veredas vivas

Por Luciano Santos Dayrell
Editado por Luciano Santos Dayrell

Publicado em 6 de Abril de 2020 às 11:06

Com as chuvas recentes um pouco de água voltou a correr no córrego Brejinho, no distrito de São Joaquim no município de Januária, coisa que há muitos anos não se via. Jaime dos Santos, veredeiro da comunidade do Capoeirão, conta que a fartura de água é algo que seus filhos e outros jovens da região não vivenciaram, está somente na memória dos mais velhos. A água de agora não faz juz ao que já foi, mas traz a tona a memória do córrego e sua importância para a produção de vida nas veredas garantindo horta e pesca.

As Comunidades Veredeiras do Norte de Minas habitam o cerrado e suas veredas e tem como principais atividades o cultivo de alimentos, a solta do gado e a extração dos frutos do Cerrado. A relação de interdependência com as veredas é fator principal de sua identidade. Sendo que cada comunidade é reconhecida e nomeada pelo rio ou vereda que pertence.

A partir de 1970, com os projetos de desenvolvimento impulsionados pelo Estado brasileiro na ditadura militar, os veredeiros passaram a viver o drama da expropriação das terras e a degradação ambiental, vendo grande parte dos seus rios e veredas secarem devido à implantação de monoculturas, ao desmatamento desenfreado, à produção de carvão, às queimadas intensivas, e ao assoreamento e aterramento das veredas.

Em agosto de 2019, as comunidades veredeiras criaram a Associação Central das Comunidades Veredeiras (ACEVER), para fazer valer seus direitos enquanto Povos Tradicionais, mas já vinham se organizando há muito tempo ao sentirem a ameaça cada vez mais latente ao seu modo de vida. Em 2014 realizam a retomada da Fazenda Alegre, área reivindicada e que até o momento está em trâmite junto ao Ministério Público Estadual (MPE-MG).

Desde então as Comunidades Tradicionais Veredeiras do Norte de Minas vêm se organizando politicamente, buscando os seus direitos visando o reconhecimento do território e a proteção e recuperação das veredas e das águas. Neste período, acumularam experiências significativas e conquistaram espaços importantes de visibilidade e articulação política, como, por exemplo, a cadeira no Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e na Comissão Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais. E também já realizaram dois grandes encontros de Comunidades Tradicionais Veredeiras do Norte de Minas.

A lutas dos veredeiros chama atenção para o papel dos povos e comunidades tradicionais no uso racional e na conservação dos recursos naturais. Considerando que as comunidades veredeiras desenvolveram ao longo da história formas próprias de uso e manejo dos ambientes de matas, gerais, chapadas e brejos e que foram fundamentais para a conservação das veredas e de suas águas. O reconhecimento desses saberes é a alternativa que pode fazer frente à degradação que sofrem as veredas pelos usos não sustentáveis advindos da lógica capitalista.

Um passo importante nessa direção é garantir a regularização dos territórios tradicionais onde vivem e das quais dependem as comunidades veredeiras. Por isso reivindicam ao governo e às grandes empresas a devolução das terras que foram griladas (usurpação da terra pública ou de terceiros, através da falsificação de documentos), a elaboração de planos de manejo e de conservação das áreas degradadas, além de realização de ações de restauração e recuperação das veredas e chapadas. E são contra a implantação de novos projetos e empreendimentos que impactem o ambiente, especialmente, aqueles ligados à monocultura, à construção de grandes barragens ou à exploração mineral, nos territórios tradicionais sem prévia consulta ao povo veredeiro.

Os veredeiros e veredeiras do Norte de Minas fazem um apelo pela necessidade de unir os povos e unificar suas lutas pelos territórios, para garantir seus modos de vida tradicionais e, principalmente, o direito de sua juventude ao futuro.

Com as chuvas recentes um pouco de água voltou a correr no córrego Brejinho, no distrito de São Joaquim no município de Januária, coisa que há muitos anos não se via. Jaime dos Santos, veredeiro da comunidade do Capoeirão, conta que a fartura de água é algo que seus filhos e outros jovens da região não vivenciaram, está somente na memória dos mais velhos. A água de agora não faz juz ao que já foi, mas traz a tona a memória do córrego e sua importância para a produção de vida nas veredas garantindo horta e pesca.

As Comunidades Veredeiras do Norte de Minas habitam o cerrado e suas veredas e tem como principais atividades o cultivo de alimentos, a solta do gado e a extração dos frutos do Cerrado. A relação de interdependência com as veredas é fator principal de sua identidade. Sendo que cada comunidade é reconhecida e nomeada pelo rio ou vereda que pertence.

A partir de 1970, com os projetos de desenvolvimento impulsionados pelo Estado brasileiro na ditadura militar, os veredeiros passaram a viver o drama da expropriação das terras e a degradação ambiental, vendo grande parte dos seus rios e veredas secarem devido à implantação de monoculturas, ao desmatamento desenfreado, à produção de carvão, às queimadas intensivas, e ao assoreamento e aterramento das veredas.

Em agosto de 2019, as comunidades veredeiras criaram a Associação Central das Comunidades Veredeiras (ACEVER), para fazer valer seus direitos enquanto Povos Tradicionais, mas já vinham se organizando há muito tempo ao sentirem a ameaça cada vez mais latente ao seu modo de vida. Em 2014 realizam a retomada da Fazenda Alegre, área reivindicada e que até o momento está em trâmite junto ao Ministério Público Estadual (MPE-MG).

Desde então as Comunidades Tradicionais Veredeiras do Norte de Minas vêm se organizando politicamente, buscando os seus direitos visando o reconhecimento do território e a proteção e recuperação das veredas e das águas. Neste período, acumularam experiências significativas e conquistaram espaços importantes de visibilidade e articulação política, como, por exemplo, a cadeira no Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e na Comissão Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais de Minas Gerais. E também já realizaram dois grandes encontros de Comunidades Tradicionais Veredeiras do Norte de Minas.

A lutas dos veredeiros chama atenção para o papel dos povos e comunidades tradicionais no uso racional e na conservação dos recursos naturais. Considerando que as comunidades veredeiras desenvolveram ao longo da história formas próprias de uso e manejo dos ambientes de matas, gerais, chapadas e brejos e que foram fundamentais para a conservação das veredas e de suas águas. O reconhecimento desses saberes é a alternativa que pode fazer frente à degradação que sofrem as veredas pelos usos não sustentáveis advindos da lógica capitalista.

Um passo importante nessa direção é garantir a regularização dos territórios tradicionais onde vivem e das quais dependem as comunidades veredeiras. Por isso reivindicam ao governo e às grandes empresas a devolução das terras que foram griladas (usurpação da terra pública ou de terceiros, através da falsificação de documentos), a elaboração de planos de manejo e de conservação das áreas degradadas, além de realização de ações de restauração e recuperação das veredas e chapadas. E são contra a implantação de novos projetos e empreendimentos que impactem o ambiente, especialmente, aqueles ligados à monocultura, à construção de grandes barragens ou à exploração mineral, nos territórios tradicionais sem prévia consulta ao povo veredeiro.

Os veredeiros e veredeiras do Norte de Minas fazem um apelo pela necessidade de unir os povos e unificar suas lutas pelos territórios, para garantir seus modos de vida tradicionais e, principalmente, o direito de sua juventude ao futuro.

No dia 15 de Abril terá o lançamento online do filme "Vereda Viva é Liberdade" que conta um pouco da lutas da luta das comunidades veredeiras, confira nos canais:

www.facebook.com/acevermg

www.facebook.com/articulacaorosalino

www.youtube.com/caanortedeminas

 

Foto de Indi Gouveia    

Segundo Encontro de Comunidades Tradicionais Veredeiras do Norte de Minas, no distrito de São Joaquim, município de Januária, Minas Gerais, como tema “Luta pelo Reconhecimento Territorial para Proteção de Nossas Veredas” (Fotografias de Indi Gouveia)

Notícias

Publicado em 6 de Março de 2025 às 11:15

card informativo
Em parceria com a Deputada Federal Célia Xakriabá, o CAA/NM executará projeto voltado ao fortalecimento da gestão hídrica e mitigação de impactos ambientais na microbacia do Rio São Lamberto, no norte de minas

O projeto, que é fruto de uma emenda parlamentar, destinada pela Deputada Federal Célia Xakriabá, com recurso via Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) , tem como objetivo mitigar os impactos ambientais e fortalecer a gestão hídrica na microbacia do Rio São Lamberto, que abrange os municípios de Montes Claros, Bocaiúva e Claro dos Poções - MG.

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Publicado em 16 de Dezembro de 2024 às 16:54

Mesa de palestrantes do evento
IV Edição do Encontro das Comunidades Veredeiras do Norte de Minas

O Encontro que é realizado pela ACEVER – Associação Central das Comunidades Veredeiras e conta com o apoio e assessoria do CAA/NM, aconteceu na Comunidade Barra do Tamboril, município de Januária/MG, com a presença e participação de representantes de cerca de 20 comunidades Veredeiras e Veredeiras/quilombolas, da Articulação Rosalino, do Ministério Público de MG (CIMOS), Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, SETEQ – Secretaria de Territórios e Sistemas produtivos Quilombolas e Tradicionais do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), da Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA (Ministério do Meio Ambiente …

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Publicado em 30 de Setembro de 2024 às 18:54

Foto dos participantes
Intercâmbio com adolescentes do Alianças no Sertão proporciona interação e formação agroecológica, socioambiental e cultural

O CAA/NM realizou entre os dias 22 à 24 de julho de 2024, em Montes Claros – MG, um intercâmbio com adolescentes do Alianças no Sertão, proporcionando um rico espaço de interação, visitas, práticas agroecológicas, palestras e momentos formativos socioambientais e culturais. O Alianças no Sertão é um projeto do CAA/NM em parceria com a Kindernothilfe (KNH), que é uma agência de desenvolvimento, fundada em 1959 na Alemanha, com enfoque na criança e no adolescente.

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