Os Indígenas Xakriabá
O povo Xakriabá, conforme Oliveira (2003) é formado por uma população de 6.442 indivíduos, habitando território demarcado no sertão sanfranciscano, numa região em que ocorre a transição entre o cerrado e a catinga, com espécies nativas dos dois domínios. Essa população tradicional norte mineira chegou à região no início do século XVIII e, em acordo feito com Januário Cardoso de Almeida, localizaram-se em uma área onde foram posteriormente aldeados, a Aldeia de São João Batista das Missões. Posteriormente passaram a constituir mão-de-obra, às vezes escravizada, no processo de formação das fazendas de gado abertas às margens do Rio São Francisco. O aldeamento de São João das Missões, por ter sido abandonado, desde o final do século XVIII pelos padres e administradores, e pelo fato de os índios ali permanecerem em processo de miscigenação com as populações branca, pobre, negra e sobretudo retirantes nordestinos que fugiam das secas, passou a ser reconhecido como terra de caboclos, e foi por longo tempo ocupado por índios, posseiros e retirantes estabelecidos, em regime de uso condominial das áreas de cultivo (Santos, 1997). A miscigenação dos indígenas no Brasil, conforme pode ser visto em Darcy Ribeiro (1986) no seu estudo sobre os índios e a civilização, foi fruto de políticas governamentais visando incorporá-los como brasileiros e esvaziá-los de suas etnicidades, transformando-os em índios genéricos.
O modo de uso Xakriabá sobre seu território se estabeleceu nos moldes da economia regional, sertaneja e cabocla, e suas atividades produtivas constituem-se basicamente da plantação de roças, da criação de animais e coleta extrativista destinadas ao auto-consumo. Dessas atividades provinham praticamente tudo de que precisavam, alguns poucos produtos sendo adquiridos no comércio regional.
Como uma sociedade indígena, legitimada pelo Estado brasileiro, os Xakriabá têm em sua etnicidade o diacrítico que os fazem diversos da população mestiça que os circundam e que podem ser caracterizadas como chapadeiros, veredeiros ou campineiros.