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Casas de Sementes: histórias e resistência

Publicado em 9 de Novembro de 2016 às 16:27

Casas de Sementes: histórias e resistência

Assentamento Betânia e Comunidade de João Congo comemoram inauguração das Casas de Sementes

Outubro foi um mês marcado por reflexões e comemorações nas comunidades Betânia e João Congo, em Varzelândia, Norte de Minas Gerais. Foram inauguradas na região duas Casas de Sementes, dentro das ações do Projeto de Sementes da Articulação do Semiárido. A iniciativa conta também com o apoio do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, das Associações comunitárias e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município.

No sertão, onde o povo resiste e preserva história, a inauguração foi em clima de festa. Os agricultores e agricultoras do Norte de Minas ressaltaram a importância das Sementes Crioulas, celebrando conquistas e relembrando histórias. Joel Ribeiro, membro do sindicato, ressalta a importância da comemoração: “Desde que conquistamos o título de assentamento, temos nos organizado para melhorar as condições de vida de todos da comunidade. Sobrevivemos do plantio, e não poderia faltar uma comemoração em um dia como esse. Significa muito para todos essa Casa, é uma forma de agradecer aos parceiros e de celebrar uma conquista tão importante”, finaliza.

Tradição e Autonomia

As sementes crioulas fazem parte da cultura das comunidades. “Quando a gente tem semente, a gente encontra nela história de vida. Não é só uma semente. A gente guarda porque pra nós é muito importante”, conta Elizângela Aquino, vice-diretora geral do CAA/NM, que ressalta a importância da Casa de Sementes, que representam autonomia e condições para as comunidades não dependerem do agronegócio.

Como explica o agricultor e guardião de sementes Ednan Pereira da Silva, o objetivo desse espaço é que as sementes não se percam nas propriedades e possam ser multiplicadas por diversos guardiões: “A Casa será mais uma garantia de que teremos onde encontrar as sementes crioulas caso a gente perca na nossa propriedade. Aqui as sementes são selecionadas e armazenadas para que tenham durabilidade de germinação e caso alguém precise dessa semente, por exemplo, daqui dois anos, ele terá onde buscar e plantar novamente na sua roça.”.

As Casas de Semente também contribuem para a preservação da tradição da região, como explica Donizete Gonçalves do STR de Varzelândia: “Pra nós, a casa de semente é muito importante porque através delas a gente consegue resgatar sementes que eram dos nosso avôs e a gente quase não está tendo na região”, explica Adão que conta que esse trabalho de resgate e preservação das semente tem se efetivado graças às parcerias.

Segundo Iranete Martins, diretora do STR, essa cumplicidade entre organizações e comunidade é fundamental: “Quando o sindicato fez a parceria com a comunidade, ganhamos mais força porque envolveu mais pessoas, mais famílias e a nossa vontade é que isso cresça a cada dia.” , conta.

Juventude organizada

O papel da juventude de Varzelândia tem sido fundamental para o trabalho com sementes. Simplícia, jovem de João Congo, conta que é importante que os jovens estejam nesses espaços: “A gente tem que valorizar nossas sementes porque no nosso futuro a gente vai sentir a falta. Nós, como jovens, temos a oportunidade de compreender o significado da semente e temos obrigação de repassar pra quem não tem compreensão”. 

A colaboradora do CAA/NM Rosiellen França vê o envolvimento da comunidade como um ganho importante: “É uma alegria muito grande ver as ações de agrobiodiversidade envolvendo toda a comunidade, ver que tem gente com sangue novo conduzindo, que tem jovem, mulheres e jovens mulheres na comissão gestora que vão tocar o trabalho para frente”.

As Casas de Sementes já estão e estruturadas. A inauguração do espaço no Assentamento Betânia foi no dia 08 de outubro e a da comunidade de João Congo no dia 22 de outubro.


Postado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia
Editado por: Indinayara Francielle Batista Gouveia