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Agrobiodiversidade em questão: os desafios dos povos e comunidades tradicionais

Publicado em 9 de Novembro de 2016 às 09:56

Agrobiodiversidade em questão: os desafios dos povos e comunidades tradicionais

Diversos são os desafios para os Povos e Comunidades Tradicionais do Semiárido Mineiro: perda de território, destruição dos ecossistemas, mudanças climáticas. Nesse sentido, um movimento de resistência vem se constituindo em defesa da Agrobiodiversidade, marcada pela união dos povos, do empenho das organizações não governamentais, dos sindicatos de trabalhadores rurais, da Articulação do Semiárido Mineiro e dos guardiões e guardiãs da agrobiodiversidade. A Rede da Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro vem há 4 anos desenvolvendo ações para fortalecer os processos de convivência com os ecossistemas e construir estratégias de enfrentamento as ameaças à Agrobiodiversidade e aos Povos. No intuito de compreender esses processos, entrevistamos Anna Cyrstina, formada em Agronomia, com mestrado em Agroecologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e uma das animadoras da Rede de Agrobiodiversidade, para compreender os desafios e conquistas dos povos nessa temática.

 

CAA/NM: Que ameaças a Agrobiodiversidade enfrenta no atual contexto?

 

Anna Crystina: No atual contexto político e ambiental, a Agrobiodiversidade, no sentido amplo, desde as sementes, os animais e os saberes relacionados a eles, estão ameaçados. As mudanças climáticas estão acentuando as perdas genéticas de sementes, animais e com elas as histórias, os saberes e a cultura alimentar. Esse contexto somado ao desmanche dos direitos, políticas sociais, e com eles os diretos dos agricultores(as), povos e comunidades tradicionais de manter suas sementes e suas redes de trocas. Por outro lado, um grande incentivo às produções de transgênicos e uso de agrotóxicos, traz ainda mais desafios para a luta e resistência para conservação da Agrobiodiversidade pelos Guardiões e Guardiãs do Semiárido.

 

CAA/NM: O projeto Sementes do Semiárido, da Articulação do Semiárido Mineiro buscou incentivar essa prática de guardar sementes. Que resultados e encaminhamentos o projeto conseguiu alcançar?

 

O Projeto possibilitou cumprir uma meta muito importante e complexa do Plano de Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro que era de ampliar a quantidade de Casas de Sementes no Semiárido, além disso, de garantir um amplo processo de sensibilização e formação sobre Agrobiodiversidade, sementes crioulas, autonomia da agricultura familiar, além das ameaças dos transgênicos e dos agrotóxicos. O grande desafio e encaminhamento é manter um processo de acompanhamento e de mobilização para a efetiva concretização do processo de funcionamento das casas, além de garantir a produção das sementes para o estoque das casas.

 

CAA/NM: Que estratégias a rede de Agrobiodiversidade tem construído para enfrentar os desafios e fortalecer os guardiões e guardiãs de sementes?

 

A Rede de Agrobiodiversidade, que é composta por entidades, guardiões e guardiãs da Agrobiodiversidade que também fazem parte da Articulação do Semiárido, tem como meio orientador as ações previstas no Plano de Agrobiodiversidade, que faz referência a todos os níveis de ação para a conservação da Agrobiodiversidade desde ações práticas de conservação das sementes até incidência política e fortalecimento institucional. A ação em Rede é a principal estratégia para enfrentar os desafios postos, tendo o envolvimento efetivo e protagonismo dos Guardiões e Guardiãs como eixo fundamental. 

 

CAA/NM: Com o novo governo, como os agricultores/as estão se posicionando, nesse processo de perda de direitos sociais e nas suas lutas diárias em defesa da Agrobiodiversidade, dos territórios e da água?

 

A Rede Agrobiodiversidade, assim como as entidades e agricultores (as) que a compõem, está em um processo contínuo de análise do contexto político atual, a fim de se posicionar em união com as frentes de lutas que estão emergindo, além de um processo intenso de trabalho de base e na própria prática de produção agroecológica, de luta, conservação, uso dos territórios, de ocupar os espaços de economia solidária e incidência política nos espaços onde a Rede e seus representantes ocupam.

 


Postado por: Fabiano Cordeiro César
Editado por: Fabiano Cordeiro César